BOLETIM ECOSYS


Volume 2, Edição 6 Extra Últimas Notícias 21 de Janeiro de 1999


 

Editorial

Coordenação do Ecosys

 
O Brasil vive uma de suas mais graves crises econômicas de sua história. O Plano de Estabilização adotado em 1994 se erodiu, preso nas armadilhas que ele próprio criou, em particular a da chamada "âncora cambial". Com viemos analizando ao longo das edições do Ecosys em 1998, o governo não possuia e não possui um "plano de contingencia" para enfrentar um ataque especulativo contra amoeda. Novamente o Brasil está diante de um dilema: ou cede totalmente seus instrumentos de política econômica ao FMI, sem nenhuma garantia de êxito da política que está sendo "recomendada" pelos agentes econômicos externos, ou tenta manter o controle interno da política econômica, mantendo mecanismos que possibilitam a retaliação do capital financeiro internacional. Vive-se situações até agora identificadas com reações a medidas de ruptura - chegamos a perder temporáriamente até mesmo o crédito interbancário de curto prazo para a importações- sem se conseguir alterar a nosso favor um milímetro do posicionamneto dos agentes econômicos internacionais. A partir de hoje estaremos editando diáriamente estas Ultimas Notícias do Ecosys, visando manter um registro e uma análise tanto como possível "coladas" ao desenrolar da conjuntura, sem ,prejuízo de nossas edições bimensais normais.

 

Congresso aprova taxação de inativos

Medida foi uma exigência do FMI
Numa atitude de subserviência ao FMI e ao capital financeiro internacional, a Câmara aprovou ontem à noite o substitutivo do projeto de lei que instituiu a contribuição dos servidores aposentados à Previdência e ampliou a contribuição dos funcionários da ativa. A medida pouco irá significar em termos de receita real para o Tesouro, mas foi comemorada como um símbolo da capacidade do Governo Federal de aprovar medidas que sinalizem a efetivação do ajuste fiscal acordado com o FMI. Votaram a favor do projeto 335 deputados; 147 foram contra e quatro se abstiveram.
Pelo novo texto, ficam isentos os inativos que ganham menos de R$ 600, os inválidos e quem tem mais de 70 anos e ganha menos de R$ 3 mil.

Entre os demais, a alíquota será progressiva: 11% para quem ganha até R$ 1,2 mil; 20% para benefícios de até 2,5 mil; e 25% para quem ganha mais.
Os mesmos percentuais serão aplicados para os servidores da ativa. Pelo projeto, 13% dos ativos e inativos que ganham acima de R$ 2,5 mil vão contribuir com cerca de 60% da nova fonte de receita do governo Fernando Henrique.

E a Inflação volta...

A reação já é registrada nos Índices

 

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) voltou a subir este mês na cidade de São Paulo. O custo de vida do paulistano encerrou a segunda quadrissemana de janeiro com alta de 0,27%. Na primeira prévia do mês, o IPC foi de 0,10%. A perspectiva é fechar janeiro com uma inflação em torno de 0,5%.

Na segunda quadrissemana de janeiro, que mede a variação dos preços até dia 15, comparada com o período de 30 dias imediatamente anterior, a alta do IPC foi puxada pelos transportes (1,55%), gastos com saúde (0,71%), alimentação (0,42%) e educação (0,41%).
Foram os preços dos transportes e dos alimentos afetaram fundamentamente o IPC. A gasolina, por exemplo, foi o item que mais subiu, ficando 7% mais cara no período. O usuário dos serviços de transporte urbano terão que desembolsar 1,47% mais, com o aumento das tarifas. O gás de botijão também teve aumento expressivo, de 5,94%.

Para o calculo da inflação anual calcula-se que o câmbio vai sofrer uma perda nominal de 25% em 1999. Como apenas metade dos preços da economia envolvem produtos comercializáveis no mercado internacional, o impacto potencial nos preços poderia ser de 12%.

Juros altos não contem fuga de dólares

A alta das taxas de juros decretada na última segunda-feira pelo Banco Central não atraiu dinheiro novo nem freou a fuga de capital estrangeiro, de mais de US$ 6 bilhões neste mês de janeiro. Mesmo que a fuga de capital tenha se reduzido desde que o BC deixou o real flutuar livremente, na terça-feira, saíram do País US$ 347 milhões, segundo informa o próprio Banco Central.

O aumento da taxa diretora do BC, que subiu de 36% a 41%, e a diminuiçlão a Taxa Básica do BC (TBC) de 29% a 25% foi considerada pelo governo uma medida necessária para tranqüilizar o mercado e conter a inflação que poderia acarretar a desvalorização do real.

Até a semana passada, a missão das taxas de juros era atrair os dólares para cobrir o déficit nas transações de bens e serviços com o exterior e o da política cambiária, manter os produtos importados num bom preço e controlar a inflação.

Elevação aumentou receio dos investidores

Não obstante, uma vez que o BC liberou o câmbio para reduzir o déficit externo, a alta dos tipos de juros na segunda-feira esteve em parte destinada a conter o impacto inflacionário. As altas taxas provocam há meses o receio dos investidores, que deixaram de acreditar na capacidade do Brasil para devolver esses enormes tipos de juros.

 

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