Inflação e Nível de Preços
O custo de vida na capital paulista apresentou em maio uma alta de 0,52%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). O resultado é 0,10 ponto percentual inferior ao de abril (0,62%) e 0,06 ponto percentual superior ao da terceira quadrissemana de maio.
O item alimentação, com alta de 0,73% no período, voltou a pressionar de forma mais importante o índice na última quadrissemana de maio, superando a variação do IPC da FIPE. O aumento dos preços do alimentos foi influenciado pelos produtos semi-elaborados, que subiram 4,13% no período. O feijão liderou a alta, com 62,72%, seguido pelo arroz, que subiu 12,64%. A variação ponderada dos preços desses dois produtos foi, em média, de 25,53%. Eles tiveram um impacto de 0,55% no IPC. Em abril, os dois produtos tiveram os preços majorados em 4,91%. O item educação também teve uma ligeira alta de 0,12% no período, liderada pela variação do material escolar (0,79%). Já o item habitação recuou 0,24%; os preços dos transportes baixaram 0,32%; das despesas pessoais, 0,36%; e da saúde, 0,11%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de maio foi de 0,72%, ante 0,45% em abril, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No ano, o INPC acumula alta de 3,09%. O índice foi puxado pela alta nos preços do arroz, de 10%, e do feijão, entre 12% e 79%. A inflação dos últimos 12 meses até maio foi de 4,7%.
INPC - Comparação com o mês anterior
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MAIO |
|
ABRIL |
|
INPC |
IPCA |
INPC |
IPCA |
|
RJ |
0,00 |
0,16 |
0,68 |
0,48 |
Belo Hte. |
0,32 |
0,34 |
0,43 |
0,30 |
Recife |
1,46 |
0,69 |
0,83 |
0,55 |
São Paulo |
0,70 |
0,46 |
0,26 |
0,09 |
Brasília |
1,15 |
0,85 |
0,66 |
0,56 |
Geral |
0,72 |
0,50 |
0,45 |
0,24 |
Fonte: IBGE
O Índice do Custo de Vida (ICV) de maio, pesquisado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), foi maior para as famílias de renda mais baixa por causa da alta no preço daqueles dois alimentos básicos ( arroz e feijão). Na média, o ICV de maio foi de 0,41%, mas para as famílias de renda menor o custo de vida subiu 0,82%. O aumento de 75% no preço do feijão e de 14% no arroz em maio pesou 0,39 ponto percentual no índice médio. Para o estrato de renda inferior, o peso foi de 0,81 ponto percentual.
Seguindo a tendência do mês anterior, os aumentos mais importantes foram registrados nas cidades do Nordeste: Salvador (10,95%), João Pessoa (9,97%), Natal (8,05%) e Recife (7,12%). A pesquisa acusou variações negativas em Curitiba (-4,10%), Vitória (-0,41%) e Rio de Janeiro (-0,26%), todas localidades em que o feijão preto é pesquisado, ainda que seu preço não tenha caído em nenhuma delasRecuo da Inflação em Junho: Saúde e Habitação continuam em alta
No mês de Junho, o IPC-FIPE apresentou uma queda significativa, ficando em 0,19%. O motivo foi a redução da elevação dos preços do item alimentos, em especial do conjunto arroz e feijão, que decresceu 53%. Além disso, registrou-se a redução também dos preços do item Vestuário, cuja variação, apesar de positiva (2,20%), foi menor que no mês anterior - 5,34%. Finalmente, a não ocorrência de elevação das tarifas públicas no período teve peso importante na queda do índice IPC-FIPE. Os fatores que pressionaram o índice para cima estiveram localizados nos itens habitação (em especial aluguel, condomínio e eletrodomésticos) e saúde (serviços médicos).
Evolução do índice Fipe por principais grupos
Junho de 1997/Junho de 1998
Já o IGP-M registrou no mês de junho uma elevação de 0,38%. A elevação de 0,24 pontos percentuais em relação ao mês de maio decorreu da pressão para cima do IPA-M e do INCC-M. O IPA-M evoluiu de -0,01% em maio para 0,38% em junho, em função da alta dos preços agrícolas no atacado, como resultado da pressão do arroz e do feijão. Além disso, os preços da indústria de transformação, que aparentemente estariam em queda, reverteram as expectativas pressionados pela alta de alguns bens intermediários como papel, materiais de construção e insumos da indústria de alimentos. O INCC-M elevou-se de 0,47% em maio para 0,86% em junho. O IPC-M, por outro lado, decresceu de 0,26% em maio para 0,23% em junho.
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O custo de vida medido pelo Dieese em junho, na cidade de São Paulo, teve alta de 0,05%, com recuo de 0,36 ponto percentual em relação a maio. O bom resultado está relacionado com a queda do preço da alimentação (-0,32%). No mês anterior, a inflação havia chegado a 0,41% como resultado, em especial, da forte alta dos alimentos. Dessa vez, o vilão volta a ser o grupo de saúde, com aumentos em junho de 1,51%. Nos últimos 12 meses o custo de vida dos paulistanos medido pelo Dieese aumentou 2,7%. Já o aumento dos preços no grupo saúde foi quase o triplo: 7,6%. Este ano, o acumulado geral é de 1,8%, enquanto o grupo saúde aumentou preços em 2,9%.
Após seis meses em que o maior valor da cesta básica vinha sendo apurado em Curitiba, em maio, o maior custo voltou a ser registrado em São Paulo (R$ 112,14). Além da capital paulista, Curitiba (R$ 104,60), Porto Alegre (R$ 104,56), Belo Horizonte (R $103,12), Natal (R$ 101,23) e Rio de Janeiro (R$ 101,18) também mostraram uma cesta acima de R$ 100,00. Os menores valores foram apurados em Vitória (R$ 89,54) e Goiânia (R$ 90,68).
Todas as capitais incluídas na pesquisa acumulam no ano de 1998 aumentos, com destaque para a alta ocorrida nas capitais do Nordeste: João Pessoa (36,69%), Natal (30,28%), Fortaleza (28,41%), Salvador (27,66%), Aracaju (26,32%) e Recife (22,41%). A menor taxa positiva foi registrada em Curitiba (4,97%).
Cesta Básica : Pequena queda em junho mantém custo anual elevado
Como apresentou o maior custo entre as dezesseis capitais, a cesta básica apurada em São Paulo serviu de referência para o cálculo do salário mínimo necessário para a manutenção dos gastos de uma família composta de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças). Em maio, o valor mínimo estimado pelo DIEESE para atender às necessidades básicas com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social alcançou R$ 942,09. Este valor é 7,24 vezes maior que os R$ 130,00 vigentes desde 1o. de maio de 1998.
Em junho, ao contrário de maio, os preços dos alimentos caíram em dez das dezesseis capitais nas pesquisadas pelo DIEESE O custo da cesta básica teve as principais retrações em Belo Horizonte (-3,23%), Curitiba (-2,96%), João Pessoa (-2,39%) e Salvador (-1,99%). A única alta importante ocorreu em Vitória (4,86%).
O custo da cesta básica mais elevado foi detectado em São Paulo (R$ 111,47). Além de São Paulo, Porto Alegre (R$ 104,36), Curitiba (R$ 101,50), Natal (R$ 101,47) e Rio de Janeiro (R$ 100,86) mostraram uma cesta acima de R$ 100,00. Os menores valores foram registrados em Salvador e Goiânia (R$ 89,65 nas duas cidades).
Apesar desta queda em junho, no ano de 1998 todas as capitais pesquisadas acumulam elevação do custo da cesta básica em especial nas capitais do Nordeste: João Pessoa (33,42%), Natal (30,59%), Fortaleza (29,23%), Salvador (25,12%), Aracaju (24,94%) e Recife (23,44%). A menor variação positiva foi registrada em Curitiba (1,86%).
A pesquisa do DIEESE mostra que a alta dos preços do feijão carioquinha continua em todas as capitais em que ele é pesquisado (São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e todas as cidades do Norte e Nordeste), apesar de menor que em maio. No mês de junho, apenas João Pessoa mostrou queda no preço deste produto (-2,73%). Em Aracaju, o mesmo se manteve estável. Em relação ao feijão preto, pesquisado nas demais capitais, o comportamento de preços foi variado. Vitória (27,78%), Curitiba (14,85%) e Florianópolis (13,02%) foram as cidades que mostraram alta nos preços. No Rio de Janeiro (-5,26%), Brasília (-2,63%) e Porto Alegre (-1,06%), a pesquisa registrou queda no preço, em relação à maio.
A quebra de safra do arroz no Rio Grande do Sul, uma das maiores regiões produtoras, levou ao aumento do preço deste produto nos meses de maio e de junho. Apesar de o governo ter adotado algumas medidas no intuito de facilitar a importação deste produto, as altas verificadas no arroz tipo 2 continuaram sendo significativas em todas as capitais. Destacam-se as elevações observadas em Recife (16,62%), Rio de Janeiro (14,13%) e Curitiba (13,79%). A menor taxa foi registrada em Florianópolis (4,76%).
Custo e variação da cesta básica em dezesseis capitais Maio/Junho de 1998
Capital |
Valor da cesta básica (R$) Maio |
Valor da cesta básica (R$) Junho |
Variação mensal (%) Abril/Maio |
Variação mensal (%) Maio/ Junho |
Variação acumu-lada |
São Paulo |
112,14 |
111,47 |
5,49 |
-0,60 |
13,37 |
Curitiba |
104,60 |
104,36 |
-4,10 |
-0,19 |
8,10 |
Porto Alegre |
104,56 |
101,50 |
2,09 |
-2,96 |
1,86 |
Belo Horizonte |
103,12 |
101,47 |
5,60 |
0,24 |
30,59 |
Natal |
101,23 |
100,86 |
8,05 |
-0,32 |
6,07 |
Rio de Janeiro |
101,18 |
99,79 |
-0,26 |
-3,23 |
9,26 |
Brasília |
99,56 |
98,48 |
5,75 |
0,47 |
8,14 |
Florianópolis |
98,02 |
97,94 |
0,60 |
-1,63 |
11,14 |
João Pessoa |
95,74 |
94,93 |
9,97 |
0,64 |
29,23 |
Aracaju |
94,83 |
93,89 |
2,60 |
4,86 |
11,10 |
Fortaleza |
94,33 |
93,79 |
6,49 |
-1,10 |
24,94 |
Recife |
91,97 |
93,45 |
7,12 |
-2,39 |
33,42 |
Belém |
91,70 |
92,74 |
4,68 |
0,84 |
23,44 |
Salvador |
91,47 |
91,97 |
10,95 |
0,29 |
13,74 |
Goiânia |
90,68 |
89,65 |
6,75 |
-1,99 |
25,12 |
Vitória |
89,54 |
89,65 |
-0,41 |
-1,14 |
15,56 |
Fonte: Pesquisa Nacional da Cesta Básica - DIEESE.
Em relação ao comprometimento de renda, em junho de 98 o trabalhador de São Paulo que recebe apenas um salário mínimo gastaria, em junho, 93,20% de seu rendimento líquido (R$ 119,60) somente para adquirir os alimentos da cesta básica, mais, portanto, que em junho de 1997, quando o trabalhador recebeu R$ 110,40 líquidos, e gastou 85,19% do seu) para comprar a cesta básica, que custava R$ 94,05.
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Apesar da queda em junho, os alimentos ainda vão ser o "calcanhar de Aquiles " do Plano Real. Foi devido a esse desempenho dos preços que a inflação no quarto ano de Plano Real passou a ser apelidada de "Custo de vida da Alimentação". Entre junho de 97 e junho de 98, o preço do feijão subiu 120%, a maior alta registrada no período pela pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) da Universidade de São Paulo (USP). O "vilão" da inflação deixou de ser o aluguel e passou a ser a alimentação. Em Maio, o consumidor pagava pelo quilo do feijão 205,55% mais que em julho de 1994, quando o real entrou em circulação. Pela primeira vez desde o início do plano econômico, os preços dos alimentos no ano subiram mais que a média do custo de vida. No período de 12 meses até junho, os alimentos ficaram, em média, 3,61% mais caros. A inflação subiu apenas 1,87%. Outro produto essencial na mesa do consumidor brasileiro, o arroz, também ficou, em média, 39,30% mais caro. Juntos, arroz e feijão passaram a custar 59,40% mais. As despesas com transporte, saúde e educação subiram mais que os preços da comida. Mas no bolso do consumidor, especialmente o de baixa renda, os gastos com alimentos pesam mais. Em quatro anos de real, a inflação em São Paulo está acumulada em 70,06%. Reajustes de 575,37% nos aluguéis continuam liderando a alta dos preços. Mas a tendência se vem invertendo desde o ano passado. Nos 12 meses encerrados em junho, os aluguéis ficaram apenas 1,49% mais caros. As despesas com serviços também passaram a subir mais devagar. Maior concorrência no setor e queda na massa salarial, provocada especialmente pelo aumento do desemprego, devem estar inibindo os aumentos de acordo com a FIPE.
Se a inflação do Real não é mais a mesma, pior ainda são as consequências da política econômica adotada para controlar os aumentos de preços. Como afirmamos na apresentação, o atual Plano de Estabilização criou a "armadilha da ancoragem" que impede a retomada do crescimento e nos condena a um atolamento em dívidas, além de nos fazer reféns de possíveis ataques especulativos internacionais.