Nível de Preços
Coordenação do Ecosys
A redução das expectativas em relação à inflação continua sendo maior fator de estabilidade da economia brasileira após a desvalorização e flutuação do real. A inflação de abril foi de 0,71%, segundo o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). O índice aponta uma queda do custo de vida para os mesmos níveis de antes da desvalorização do real. A alta de preços ficou abaixo do IGP-M de janeiro, de 0,84%, que não registrou grande impacto elevação dos custos em dólar, apesar de a desvalorização ter ocorrido naquele mês.
A redução do preço dos alimentos parece ser o grande responsável pela queda da inflação. Após a elevação de 4,12% dos produtos agrícolas em março, a FGV-RJ acusou deflação de 1,83% nesse item. Há vários fatores que produziram este resultado: a queda do dólar, a boa safra de cereais e grãos, que tiveram deflação de 3,9%, e o clima ameno, que beneficiou a cultura de legumes e frutas, cujos preços caíram 6,9% em janeiro. Com o redução da desvalorização do real diante do dólar, os preços dos produtos agrícolas para exportação tiveram deflação de 9,36% neste mês.
A valorização
do real também foi um fator relevante para que os preços
dos produtos industriais, que haviam tido um aumento de 4,17% em março,
apresentassem alta de apenas 2,03% em abril. Se considerarmos também
o mês de abril, a inflação acumulada no ano chega a
8,21%, e o IGP-M dos últimos 12 meses ficou em 8,45%. Dos três
índices que compõem o IGP-M, o Índice de Preços
por Atacado (IPA) acusou em abril a maior alta, de 0,76%. O Índice
de Preços ao Consumidor apresentou alta de 0,67%. Já o Índice
Nacional de Custos da Construção Civil, de peso menor no
cálculo do IGP-M, teve a menor variação, de 0,58%.
A queda da inflação ainda mais expressiva, se considerarmos
o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna)
: 0,03%. Além de inferior ao IGP-M, a queda da inflação
foi ainda maior em relação ao próprio IGP-DI, pois
em março, a taxa fora de 1,98%.
Assim, o resultado acumulado
no ano é de 7,75% e, nos últimos 12 meses, de 8,51%. Essa
grande queda resultou fundamentalmente da redução do IPA
(índice de Preços no Atacado), um dos componentes do IGP-DI,
que em abril teve uma queda de 0,34%.
Os outros componentes do IGP-DI
apresentaram alta , que foi de 0,52% no caso do IPC (Índice de Preços
ao Consumidor) e de 0,52% do INCC (Índice Nacional de Custos da
Construção). Já o Índice de Preços
ao Consumidor da Fipe teve variação de apenas 0,47% no mês
de abril. Também neste caso, a queda de 1,18% nos preços
dos alimentos foi o principal fator pela não concretização
das projeções de uma alta de cerca de 0,8%. O frango e a
carne bovina foram os itens que mais influenciaram no resultado, com variações
negativas de 4,13% e 1,56%, respectivamente. A alta dos preços desses
dois produtos, em função da desvalorização
do real gerou uma significativa redução no consumo que acabou
contribuindo para uma reversão das tendências de alta. A variação
nos preços recebidos pelos agricultores paulistas, no mês
de abril, foi negativa em 0,52%.
Um dos reflexos desses resultados
da inflação foi o comportamento da cesta básica composta
por 31 produtos e pesquisada pelo Procon/Dieese em 70 supermercados da
capital. Ela teve uma alta , no período de 30 de abril de 98 a 30
de abril de 99, de 1,63%, e passou a custar R$ 125,34. Em 30 de abril do
ano passado seu preço era de R$ 123,33. A variação
é superior à inflação apurada pelo IPC da Fipe
que registrou uma alta de 0,56%. Houve , no entanto, um processo de queda
desde o início do ano, ao contrário do que se esperava tendo
em vista o reajuste dos preços após valorização
do dólar em janeiro e as turbulências da conjuntura. Em fevereiro
a cesta chegou a ter alta de 6,06% com valor de R$ 130,83 , superior ao
do salário mínimo, de R$ 130,00. No mês de abril, a
cesta acusou variação negativa de 3,56%, mas apresentou no
período de janeiro a abril desse ano aumento de 2,80%. De julho
de 1994 até 30 de Abril a alta acumulada é 17,80%. A alta
de 1,63% no período de 12 meses foi fortemente influenciada pelos
produtos de limpeza, que subiram 11,68% e de higiene com reajuste de 7,95%.
Mas o grupo alimentos, com maior peso na cesta básica, teve redução
no mesmo período de 0,38%.
Com a redução dos juros e do preço
do dólar, aliados à recessão, que bloqueia os efeitos
dos aumentos das tarifas públicas e do vestuário, a tendência
é de a inflação continuar a cair, podendo chegar até
a uma deflação. De acordo com a Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas o IPC-Fipe poderá registrar deflação
em maio, depois de quatro meses consecutivos de alta. A última deflação
ocorreu em dezembro do ano passado (-0,12%), antes das mudanças
no câmbio, que provocaram pressões inflacionarias nos preços.