Nível de Preços e Inflação

Os Índices

O IPC-FIPE registrou uma inflação acumulada de 4,83% em 1997 . Destaca-se o item vestuário com deflação acumulada de 5,82% no ano. Vale também ressaltar a desaceleração do aumento dos preços de alguns itens referentes a serviços - considerados os "vilões" do período pós-Real - com destaque para habitação e despesas pessoais.

 

Inflação Acumulada em 12 meses (%)
IPC-FIPE

Período

Geral

Ali-menta-ção

Habitação

Trans-porte

Despesas Pessoais

Vestuário

Saúde

Educação

Dez/96

10,04

2,11

18,25

20,00

5,57

-3,12

18,06

26,68

Jan/97

9,40

1,86

15,55

23,99

6,79

-4,62

16,26

18,61

Fev/97

8,98

2,80

13,60

22,97

6,08

-3,36

15,49

15,44

Mar/97

8,96

4,67

11,48

22,71

6,15

-1,57

14,55

10,49

Abr/97

7,91

3,60

10,69

17,17

5,10

0,96

15,25

10,74

Mai/97

7,07

2,13

11,63

16,84

2,95

-1,53

14,48

10,17

Jun/97

7,08

2,73

12,34

14,03

2,10

-0,13

14,02

9,57

Jul/97

5,81

1,34

11,64

10,57

2,03

-0,28

9,77

9,31

Ago/97

4,65

0,20

9,92

10,54

1,94

-3,53

9,00

9,22

Set/97

4,59

0,61

9,09

10,15

2,05

-3,20

8,89

9,71

Out/97

4,21

0,65

8,55

8,60

2,87

-4,80

8,73

9,77

Nov/97

4,41

1,33

8,44

9,19

2,90

-5,79

9,01

10,19

Dez/97

4,83

3,61

8,33

7,83

2,66

-5,82

8,01

9,41

Fonte: FIPE - USP

 

Outro indicador a registrar um nível baixo de inflação é o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) que apresentou uma variação acumulada de 7,49% em 1997, a menor taxa desde 1957. Dentre os componentes do índice, o destaque de alta ficou com o Índice de Preços no Atacado (IPA), pressionado pelo reajuste de preços dos produtos agrícolas. Em relação ao Índice de Preços ao Consumidor (IPC), vale destacar o comportamento favorável do subitem aluguel, que fechou 1997 com uma variação acumulada de 6,84%, uma das menores taxas registradas dentro do item habitação.

  

 

Variação Acumulada em 12 meses
Em %

Meses

IGP-DI

INPC

FIPE

outubro

9,82

11,84

12,10

novembro

8,68

10,55

11,18

dezembro

9,34

9,12

10,04

Jan/97

9,11

8,42

9,40

fevereiro

8,75

8,14

8,98

março

9,77

8,56

8,96

abril

9,65

8,20

7,91

maio

8,16

6,95

7,07

junho

7,60

5,92

7,08

julho

6,54

4,85

5,81

agosto

6,49

4,30

4,65

setembro

6,98

4,38

4,59

outubro

7,11

4,29

4,21

novembro

7,70

4,09

4,41

dezembro

7,49

4,34

4,83

Fonte: FIPE - USP

 

De acordo com o INPC do IBGE a inflação acumulada em 1997 foi de 4,34% , a menor de toda a série histórica do IBGE. O impacto do processo de realinhamento das tarifas públicas, em especial as das empresas incluidas no Programa de Desestatização, foi significativo, manifestando-se no índice encontrado. A tarifa telefônica foi a campeã de aumentos em 97, registrando variação de 98,08%. Outros itens que tiveram grande peso do cálculo inflacionário foram os combustíveis, com variação de 22,37%, e as passagens de ônibus urbanos, com aumento médio de 12,94%. Em termos de período, o primeiro semestre do ano concentrou a maior parte da inflação, fechando em 3,16%. No segundo semestre, o resultado foi menor ainda: 1,21%. A variação de preços foi mais sentida entre as famílias com maior renda, por causa dos reajustes relativamente altos verificados em produtos e serviços consumidos com maior intensidade nessa faixa, como gasolina, telefone e cursos formais. Embora a inflação apresente uma tendência de queda ano a ano, a análise de seu impacto não deve desconhecer a relação preços /salário. A inflação acumulada desde julho de 1994, quando foi criado o Plano Real, está em 70,93%. No cálculo dos índices acumulados no período, o item Habitação continua sendo o que mais aumenta, com total de 332,11%. Em 1995, para uma inflação acumulada de 21,79%, os aluguéis subiram 87,22%; em 96, a relação foi de 9,77% ante 33,75% e, este ano, a inflação ficou em 4,41% enquanto os aluguéis tiveram variação de 8,66%. Os outros itens que têm contribuído para desacelerar a queda do INPC são comunicações (278,02% acumulado no período do Real), hortaliças e verduras (158,80%), serviços pessoais (150,34%) e transporte público (124,89%). No sentido inverso, os preços de vestuário, artigos de residência, alimentação e bebidas, estão em queda e têm participação importante na contenção inflacionária. Os preços dos aparelhos de TV e de som têm caído ano a ano. Em 95, já apresentaram variação negativa de preços (-1,31%). Este ano, a queda foi ainda maior: -6,65%. Mesmo assim a inflação do Real tem tido um impacto negativo sobre os salários, pois se eliminou a indexação. Além disso, o processo de negociação não tem sido capaz de amortecer este impacto, o que se mostra com ainda maior peso na área pública, onde os salários estão praticamente congelados. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE) a maioria dos acordos salariais feitos em 1997, apresentaram cláusulas de reajuste inferiores à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPC). De acordo com o DIEESE até julho de 1997 os sindicatos conseguiram pelo menos repor a inflação passada; a partir de agosto, a situação mudou e a maioria dos acordos celebrados no País consagrou o princípio de um aumento salarial abaixo do IPC. O estudo da CNI, aponta que a não reposição das perdas foi compensada, em parte, pela inclusão, nos acordos, de cláusulas sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Mesmo nos casos em que há recuperação integral das perdas ou mesmo aumento real o reajuste não será pago de uma única vez. Isso aconteceu, por exemplo, com o Acordo Salarial dos metalúrgicos de São Paulo onde o reajuste de 5,0% - contra uma inflação de 4,29% - será concretizado em duas parcelas: a primeira , de 4%, foi paga em novembro passado; a segunda, de 1%, será acrescida ao salário em maio próximo.  

As tendências de declínio dos Preços

A trajetória de queda dos preços demonstrou uma continuidade mesmo com os impactos das medidas de ajuste fiscal do governo. Embora, no cômputo geral, os preços administrados tenham elevado mais que os competitivos e oligopólicos, os efeitos do reajuste de combustíveis e da elevação das alíquotas do IPI de bebidas e automóveis sobre os índices de preços foram limitados. Os aumentos de combustíveis não foram repassados totalmente para os consumidores, em decorrência de uma concorrência entre as distribuidoras e os postos. Essa mesma concorrência tem levado à redução dos preços mesmo daqueles postos onde se fez o reajuste integral. Como existe uma grande reserva de automóveis nas montadoras, e a elevação das taxas de juro tem assustado os compradores, o repasse do IPI do setor automobilístico para o mercado só agora começa a ser parcialmente viabilizado. Segundo dados do IPEA , no quarto trimestre de 1997, os preços dos bens tradables tiveram alta de 0,94%, e os bens non-tradables, de 1,70%,o que resultou numa diferença entre as variações dos dois grupos de 0,76%, bem inferior à do trimestre anterior. No acumulado de 1997, essa diferença ficou em 8,38%, contra 17,30% do ano anterior, evidenciando um progresso em termos de convergência das variações dos dois grupos. Analisando as taxas anuais para os dois grupos, fica claro que esse progresso se deveu principalmente a uma melhora no comportamento dos non-tradables, cuja taxa caiu de 19,21% em 1996 para 9,14% em 1997. A variação da taxa para os tradables foi bastante pequena, de 1,62% para 0,70%, na mesma base de comparação.

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