Nível de Atividade

PIB tem queda no 3o. Trimestre

Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou variação negativa (-0,14%) no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo trimestre de 1997. Estes resultados revelam a péssima performance da industria de transformação, que teve queda de 4,09% no período, além da diminuição no ritmo de crescimento da construção civil (0,36%). O PIB acusou queda de 1,52%, do segundo para o terceiro trimestre deste ano, já depurado de influências sazonais. O desaquecimento atingiu todos os setores: agropecuária (-7,72%), indústria (-5,43%) e serviços (-0,39%).

 

PIB TRIMESTRAL - BRASIL

 

3o. Trimestre de 1998SETOR DE ATIVIDADE

1997.III

1997.IV

1998.I

1998.II

1998.III

AGROPECUÁRIA

-1,37

-1,62

3,04

7,58

-7,72

Lavouras

-3,52

-0,39

4,33

11,63

-12,82

Extrativa Vegetal

-3,05

-3,03

-3,14

1,10

-4,38

Produção Animal

4,17

4,43

-3,86

-0,59

2,36

INDÚSTRIA

1,64

-1,53

-1,41

6,40

-5,43

Extrativa Mineral

2,36

-0,79

2,64

4,13

2,70

Transformação

2,04

-1,14

-4,46

6,03

-4,71

Construção

2,52

-7,99

4,84

5,62

-1,49

Serv. Indust. de Utilid. Pública

2,31

3,06

-1,08

0,34

0,40

SERVIÇOS

0,70

0,13

0,50

0,75

-0,39

Comércio

1,55

-2,28

-0,98

0,66

-1,95

Transporte

3,70

2,25

0,38

3,45

3,08

Comunicações

-1,48

6,96

-1,68

-2,03

9,74

Instituições Financeiras

0,32

0,32

0,32

0,32

0,32

Outros Serviços

0,47

-0,19

-2,36

0,88

0,68

Administração Pública

-1,17

-0,97

3,82

-0,25

-2,48

Dummy Financeiro

-0,23

-2,09

4,61

-1,04

-0,87

PIB (Valor Adic. a Preços Básicos)

0,05

-0,51

0,51

1,31

-1,52

Fonte: IBGE

 

O crescimento do PIB acumulado até o terceiro trimestre deste ano, de 0,79%, não mantém a evolução registrada na taxa acumulada até o segundo trimestre (1,28%). Há uma inversão de tendência, fortemente influenciada pela agropecuária, que passou de 3,78% para 2,72%, e pela indústria, com recuo de 1,20% para 0,05%. O setor de serviços, por sua vez, manteve-se estável no ano.

No acumulado até o terceiro trimestre, quatro subsetores apresentaram desempenho favorável: extrativa mineral (7,93%), comunicação (6,5%), serviços industriais de utilidade pública (4,11%) e pecuária (3,99%). Em contrapartida, extrativa vegetal (-7,6%), comércio (-2,64%), transformação (-2,35%) e outros serviços (-1,11%) registraram quedas.

 

Tendências da Produção Industrial

Os indicadores registraram uma relativa redução do nível de atividade. no período julho/agosto. Em agosto o comportamento da produção física industrial do IBGE indicou estabilidade do índice, ante julho, apresentando crescimento nulo. Comparando-se com agosto de 1997, registrou-se queda de 2,3%. Os indicadores da CNI e da FIESP, acusaram quedas dessazonalizadas de 2,7% do INA e 2,2% das vendas reais da indústria, respectivamente, em agosto, contra julho.

Em Setembro, no entanto, houve crescimento de 3,1% no Indicador de Nível de Atividades (INA) da FIESP , resultado que deve ser relativizado, já que ocorre após quatro meses sucessivos de queda na produção e nas vendas industriais.Além disso, a metodologia adotada pela FIESP possibilita o registro de vendas de produtos em estoque como se estivessem sido produzidos no período, inflando artificialmente o índice. De acordo com o Boletim de Conjuntura da Abinee , " a coerência encontrada no comportamento das três primeiras variáveis (pessoal ocupado, horas trabalhadas e capacidade utilizada), todas sinalizando para a queda da atividade, contrasta com o aumento das vendas reais. Certamente, além da produção do mês, foi dada vazão aos estoques acumulados." Por outro lado, projeções feitas com base em dados preliminares apontam nova queda superior a 2,6% em Outubro. Além disso, esse crescimento do valor real das vendas significou uma recuperação de apenas alguns setores industriais, como a indústria de equipamentos de telecomunicações e a de material elétrico. Essa situação não terá continuidade nos últimos meses do ano, quando a maioria dos setores da indústria deverão sofrer o impacto dos elevadíssimos níveis das taxas de juros (ainda que ocorra alguma redução a partir de novembro). Por outro lado, se compararmos os índices de setembro de 1998 e de 1997 , obteremos uma queda de 6,5%, no INA, refletindo claramente o efeito da elevação dos níveis internos de taxas de juros.

 

Indice de Produção Física Industrial com Ajuste Sazonal
Base 1991=100

 

Mês

1997

1998

Janeiro

118,4

116,1

Fevereiro

118,7

117,6

Março

117,7

118,9

Abril

121,4

117,6

Maio

118,7

121,4

Junho

122,1

119,7

Julho

119,4

119,3

Agosto

121,5

119,3

Setembro

123,4

Outubro

123,7

Novembro

118,9

Dezembro

113,9

Média

119,8

118,7

Fonte: IBGE

 

Os dados da FCESP, por sua vez, apontaram para um redução dessazonalizada de 4,9% do faturamento real do comércio varejista paulista em setembro, ante agosto. O destaque de queda ficou com as concessionárias de veículos de SP, com queda de 16,51% de seu faturamento real. Como resultado da performance negativa da venda de autoveículos, que tem se refletido em aumento dos estoques, as principais montadoras do país deverão decretar férias coletivas para seus empregados nos próximos meses. Segundo a ANFAVEA, a produção de autoveículos apresentou uma queda de cerca de 19% no acumulado janeiro/setembro, ante igual período de 1997 .

Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista na R.M.S.P.

Faturamento Real (Geral RMSP) - SET/98

 

VARIAÇÕES

ATIVIDADES / GRUPOS

Mensal

Dessazo-nalizada

sobre SET/97

Acum. em 12 meses

Acum. no Ano

Comércio Geral

-6,71%

-4,90%

-3,40%

-8,54%

-6,67%

Comércio s/ Concessionárias

-4,79%

-2,51%

6,16%

-3,50%

-0,11%

Varejo Bens de Consumo

-4,63%

-2,40%

7,97%

-2,75%

1,06%

Duráveis

-8,22%

-8,82%

1,05%

-8,06%

-4,15%

. Lojas de Departamentos

-5,40%

-4,86%

18,94%

9,65%

13,95%

. Lojas de Utilidades Domésticas

-11,79%

-15,91%

-13,08%

-21,43%

-17,97%

. Cine-Foto-Som e Óticas

-6,03%

1,24%

-9,22%

-0,83%

-3,42%

. Móveis e Decorações

2,75%

2,65%

8,31%

-3,06%

3,64%

Semiduráveis

-4,25%

6,19%

-5,08%

-19,41%

-18,51%

. Vestuário

-3,44%

12,29%

0,30%

-21,88%

-20,99%

. Tecidos

4,35%

-5,65%

-15,37%

-11,64%

-8,72%

. Calçados

-11,62%

-11,40%

-23,02%

-12,90%

-13,02%

Não Duráveis

-2,05%

-0,29%

15,23%

4,64%

8,41%

. Supermercados

-2,03%

0,37%

16,30%

5,13%

9,23%

. Farmácias e Perfumarias

-2,38%

1,68%

4,04%

-0,81%

-0,26%

Comércio Automotivo

-14,94%

-15,59%

-31,48%

-24,62%

-26,29%

.Concessionárias de Veículos

-15,70%

-16,51%

-32,79%

-25,54%

-27,33%

. Autopeças

-1,69%

-0,57%

0,00%

-4,00%

-2,48%

Materiais de Construção

-8,33%

-5,83%

-16,41%

-14,16%

-15,12%

(*) Base dos índices: média de 1994 = 100

Fonte: Federação do Comércio do Estado de São Paulo

 

 

A indústria automobilística registrou queda de 24,43% nas vendas no mês de setembro, em comparação com o mês anterior, em decorrência da alta dos juros e do clima de cautela no mercado provocado pela crise internacional e seus reflexos na economia brasileira. Em comparação com setembro do ano passado a retração nas vendas é ainda maior, chegando a 36,06%. De nada adiantaram as promoções especiais das concessionárias e facilidades no financiamento. Os estoques encalhados nas fábricas e revendas alcançaram o recorde histórico de quase 200 mil veículos. A derrocada das vendas desde o mês de maio e a expectativa de agravamento da crise nos próximos meses levou as montadoras a rever a meta de produção de 2 milhões de unidades este ano. A expectativa agora é de que o número fique ao redor de 1,7 milhão. Para o ano que vem, o cenário mais otimista é o que prevê um nível de produção equivalente ao de 98. A produção total de janeiro a setembro foi de 1,3 milhão de veículos, diante de 1,6 milhão em igual período de 97 (queda de 18,6%). O total de veículos vendidos no atacado desde o início do ano foi de 970,9 mil unidades, diante de 1,3 milhão no ano passado (queda de 25,2%). No mercado externo, as montadoras instaladas no País também registram queda de 16% no total de veículos exportados em setembro. Em relação a setembro do ano passado o volume caiu 41,11%. Foram exportados apenas 25,8 mil veículos no mês, ante 31 mil em agosto e 43,9 mil em setembro do ano passado. Um dos motivos é a maior competição dos concorrentes asiáticos, principalmente da Coréia, em decorrência da desvalorização de 40% da moeda local, o won. Segundo a Anfavea, as fábricas brasileiras estão sendo forçadas a reduzir as margens de lucro e aumentar a produtividade para enfrentar o aumento da competição no mercado externo, mas a meta de exportar US$ 6 bilhões já foi revista para US$ 5,5 bilhões.

A inadimplência no comércio bateu recorde em São Paulo em setembro. O número de registros de débitos com atraso superior a 30 dias chegou a 491.158, um volume 80,6% superior ao registrado em setembro do ano passado e 29,8% maior do que no mês anterior. Antes de setembro, o recorde era de março, com 434.468 registros de inadimplência. O número de agora foi 13% superior. Esse aumento da inadimplência ainda não é efeito das taxas de juros, que subiram na segunda semana de setembro, porque são débitos vencidos no mês anterior. O aumento dos juros teve um efeito indireto, porque as lojas mandaram para o SCPC no início de setembro documentos vencidos há bem mais de 30 dias, parados nas empresas. Ao mesmo tempo em que cresceu a inadimplência, caíram as vendas a prazo no comércio paulistano. O número de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) diminuiu 12,3% em relação a setembro do ano passado e foi 6,9% menor do que no mês anterior. No Telecheque, que serve de termômetro de vendas à vista ou com cheque pré-datado, a queda foi de 5,5% em relação a agosto, mas houve crescimento de 7,5% em relação a setembro do ano passado.

A evolução do Desemprego

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego aberto, em setembro, foi 7,65% - a pior taxa registrada num mês de setembro desde 1982, quando começou a ser calculada - ante os 5,78% de setembro de 1997. Este resultado reflete a retração do nível de atividade da economia brasileira.

 

TAXA DE DESEMPREGO ABERTO EM SETEMBRO(%)

Brasil e Regiões Metropolitanas

Período

TOTAL

RE

SA

BH

RJ

SP

POA

SEMANA

7,65

9,39

9,53

6,85

5,11

8,68

7,80

30 DIAS

8,25

10,50

9,86

7,68

5,55

9,31

8,15

Fonte: IBGE

 

De acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego, da Fundação Seade e do Dieese, em setembro a taxa de desemprego total na Região Metropolitana de São Paulo reduziu-se para18,5% da População Economicamente Ativa (PEA). Calcula-se que 1.621.000 pessoas estavam desempregadas na região. No entanto, se compararmos com o mesmo mês em 97, veremos que ocorreu uma sensível alta no desemprego aberto de 16,3% (97) para 18,5 (98).

DESEMPREGO 

Indicadores 

Set-97

Ago-98

Set-98

Em 1.000 pessoas

População Economicamente Ativa 

8.646

8.769

8.762

Desempregados  

Total

1.409

1.657

1.621

Aberto 

908

1.052

1.025

Oculto

501

605

596

Taxa de Participação (%)

Total  

61,9

61,9

61,8

Taxas de Desemprego (%)

Total 

16,3 

18,9

18,5

Aberto 

10,5

12,0

11,7

Oculto 

5,8

6,9

6,8

 

Fonte: SEP. Convênio SEADE - DIEESE.

Voltar ao Índice