Nível de Atividade

O processo recessivo mostrou-se cada vez mais evidente na economia brasileira, em 1997. O Produto Interno Bruto (PIB), teve um crescimento de apenas 3,03% em relação ao ano anterior, contra previsões anteriores de até 5% de crescimento.

As razões para tal performance se ligam à política econômica seguida pelo governo que, com o argumento da estabilização, impactam a economia com reflexos recessivos. Na verdade, esse desempenho foi ainda pior no quarto trimestre de 97, sob a pressão das medidas de ajuste adotadas contra o ataque especulativo sofrido pelo real. Neste quarto trimestre de 1997, o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou um crescimento de apenas 0,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior, desempenho apenas pior que o do 2o. trimestre. Como esta taxa de crescimento se deu em relação a uma base anterior já deprimida, pois o crescimento do 2o. trimestre foi negativo, pode-se depreender desses dados a trajetória recessiva seguida pela economia. Setorialmente, considerando os resultados acumulados no ano de 1997, verifica-se um crescimento da indústria com 5,28% seguida de serviços com 1,13% e da agropecuária com 0,31%. Se considerarmos, no entanto, apenas os resultados do último quadrimestre, teremos um maior crescimento da agropecuária com 3,49% seguida da indústria e serviços com, respectivamente, taxas muito reduzidas de 0,13% e 0,22%.

O papel da indústria fica mais claro se analisamos os dados sobre suas produção em 1997.

 

Neste dados sobressai o bom desempenho da indústria na Região Sul e o fato da produção industrial em Minas Gerais e São Paulo ter permanecido acima da média brasileira , que foi apenas 3,9% no ano. Este desempenho da indústria no Brasil só não foi pior devido à recuperação (breve) do setor de bens de capital a partir do segundo semestre de 1997. Do ponto de vista setorial, o crescimento da indústria em 1997 foi maior no setor de bens de capital, principalmente no segundo semestre. Este setor, que teve queda de 14,2% em 1996, mostrou ao longo de 1997 um crescimento de trajetória de recuperação da taxa acumulada em 12 meses, que ficou em 4,7% em dezembro. Essa tendência mostrou-se muito pouco duradoura, pois em novembro e dezembro houve queda de produção em relação ao mês anterior, sendo que em dezembro a queda foi de 11,6%. Esse desempenho dos bens de capital foi puxado principalmente pelos equipamentos para a construção civil e para a geração de energia elétrica, além das máquinas agrícolas. O setor de bens intermediários também experimentou aumento da taxa de crescimento, para 4,6% em 1997 contra 2,7% no ano anterior, com destaque para os produtos siderúrgicos, motores e peças para veículos e insumos para construção.

Em contrapartida, o setor de bens de consumo duráveis perdeu dinamismo ao longo do ano, tendo seu crescimento sustentado pelo desempenho da indústria automobilística, que bateu vários recordes de produção ao longo do ano, caindo apenas nos meses de novembro e dezembro. Os demais subsetores de bens de consumo tiveram desempenho bastante modesto, principalmente no segundo semestre, em função de uma saturação da demanda de certos produtos, em especial os eletroeletrônicos, que vinham tendo crescimento espetacular nos anos anteriores.

Este comportamento da indústria reflete as opções do Plano Real, que proporcionou uma abertura não controlada à competição internacional, ao lado de restrições cíclicas ao crédito e à expansão da base monetária. As últimas medidas adotadas tiveram, como mostram os dados, um impacto recessivo ainda maior do que se esperava, na medida que foram no mesmo sentido das tendências previamente existentes.

Um outro indicador da recessão que se aprofunda são as taxas de desemprego apresentadas na economia brasileira. De acordo com pesquisa da Fundação SEADE e do DIEESE, em dezembro, a taxa de desemprego total na Região Metropolitana de São Paulo foi de 16,6% da População Economicamente Ativa (PEA), mantendo o mesmo patamar do mês anterior. O nível ocupacional apresentou, em dezembro, decréscimo de 0,4%, com a eliminação de 27.000 postos de trabalho. Serviços e Indústria foram os setores responsáveis por esse desempenho, pois ambos registraram decréscimo em seus contingentes de ocupados. As contratações no Comércio e no agregado Outros Setores não foram suficientes para contrabalançar aquelas demissões.

Fonte: SEP. Convênio SEADE - DIEESE.

Estes dados são ainda mais significativos quando se sabe que este é um período caracterizado tradicionalmente pela expansão do emprego.

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