Economia Mineira

Economia Mineira: Desempenho Econômico

Na análise exposta nos dois primeiros Ecosys sobre o comportamento da economia mineira, contida na proposta de trabalho entre a Prefeitura de Belo Horizonte e o Departamento de Ciências Econômicas da Puc-MG, procurou-se explicar a idéia de que um movimento de desaceleração, ainda sem uma tendência definida, dava seus primeiros sinais na virada do segundo trimestre para o terceiro, bem como já ao final deste terceiro trimestre do ano uma evidente tendência recessiva se consolidara. Trabalhando nesta análise com os indicadores disponíveis até Setembro/Outubro de 1995, pode-se notar que em ermos de vendas (faturamento), a indústria de transformação, depois de uma recuperação em Agosto com relação a Julho de 1995, apresenta um fraco desempenho em Setembro quando comparado a agosto deste ano. O resultado das vendas de Setembro fixou-se na faixa de 0,39% de crescimento. Este comportamento denota, quando observamos os resultados a partir de Julho/1995, uma evidente desaceleração das atividades produtivas

Cabe ressaltar, que em relação a indústria Extrativa Mineral, o desempenho das suas vendas foi negativo. A queda no faturamento fixou-se no patamar de 3,33%, segundo informações colhidas junto da departamento de análise econômica da Fiemg. Este resultado negativo da indústria Extrativa Mineral somado ao fraco desempenho da indústria der Transformação, onde os destaques negativos em termos de redução das vendas couberam aos setores de Fumo (-13,64%), Minerais Não Metálicos (-10,89%), Material de transporte (-4,6%) e Metalúrgico (-3,16%) sinalizam um impacto considerável sobre o município de metropolitana do Estado e, principalmente, sobre o município de Belo Horizonte em termos de redução do poder aquisitivo da população, dos níveis de emprego e do desempenho de setor serviços que acompanha os movimentos do setor industrial.

Este quadro de desaceleração também pode ser constatado na observação dos indicadores de consumo de energia. A passagem de Setembro para Outubro de 1995 e marcada por uma substancial queda no consumo de energia industrial (-9,57%), como também por uma desaceleração no consumo de energia referente ao setor comercial (0,50%). Em síntese, reportando-se aos indicadores de faturamento e consumo de energia podem ser evidenciados movimentos intercalados de períodos de retração que, a bem da verdade, caracterizam um quadro de ajuste conjuntural.

Em relação ao indicador de nível de emprego, o movimento geral reforça este quadro de desaceleração. A queda em Setembro em relação a Agosto de 1995 situou-se na faixa de 1,04% para a indústria de transformação Em relação ao movimento geral da economia mineira os dados evidenciam um quadro de desaceleração nas contratações (- 14,96% para Setembro de 1995 quando comparado com Agosto do mesmo ano) e uma leve redução no quadro de demissões (-5,13% para o mesmo período)

Os destaques ficam por conta dos setores da indústria Extrativa Mineral, com forte impacto na região metropolitana de Belo Horizonte, nas indústrias de Mecânica, Metalurgia e Têxtil. Não só o comportamento da demanda interna e externa estão ditando os movimentos de dispensa e contratação de funcionários, bem como no caso destes setores a uma forte componente de desemprego fruto da modernização tecnológica e da abertura econômica do país, principalmente com a valorização do câmbio pelo Plano Real. O comportamento do setor varejista em Setembro/95 quando comparado a Agosto/95 sinalizou uma redução de 11,10% nas vendas do comércio . As causas deste movimento, sem dúvida nenhuma, repousam na redução dos prazos de financiamento, no juros altos e no aumento da inadimplência.

As quedas mais expressivas, em termos de vendas, se concentraram nos setores de Concessionárias, Móveis e Decoração e Supermercados, conforme informações obtidas junto a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (FCEMG). Este movimento também pode ser constatado na evolução do emprego onde o setor de comércio em Minas Gerais reduz os níveis de contratação e aumenta as demissões. Em relação ao setor exportador, um importante vetor de crescimento já enfatizado nos dois primeiros boletins de conjuntura, o mês de Setembro marca uma inflexão na trajetória de crescimento dos últimos meses. Em Setembro quando comparado a Agosto de 1995 as vendas externas recuaram 15.85%.

Os destaques desta pronunciada desaceleração foram os movimentos da Indústria Extrativa Mineral (-10,92%) e de Transformação (-15.66%), segundo informações colhidas junto a Fiemg. No âmbito da indústria de Transformação os setores de Produtos Alimentares, Mecânica e Material de Transporte contribuiram, em boa parte, para esse resultado negativo.

Quanto ao comportamento das receitas de ICMS, cabe uma retificação de dados anteriormente comentados. No segundo Ecosys apontou-se para uma ligeira recuperação das receitas em Setembro quando comparado a Agosto 1995. Entretanto, os dados retificados apontaram primeiro para uma queda maior na arrecadação no mês de Agosto (-9,12%) e, por outro lado, a recuperação em Setembro foi um pouco maior, qual seja, em torno de 3,10%.

Em relação ao mês de Outubro de 1995 (Outubro em relação ao mês anterior). O crescimento da arrecadação de ICMS manteve uma trajetória ascendente. Esta aumentou em torno de 11,10% resultado obtido principalmente em função da campanha de arrecadação levada a cabo pela Secretaria da Fazenda. A questão fundamental para o setor público mineiro, já enfatizada no Ecosysanterior, continua sendo o comportamento deste em relação aos desdobramentos do processo agudo de endividamento das mais dinâmicas economias regionais . Não existe ainda uma clara definição de propostas para equacionamento deste ponto de estrangulamento destas principais economias regionais.

No último Boletim, apontou-se para um quadro de relativo otimismo, principalmente sustentado nas decisões de investimento estrangeiro no estado e na manutenção de níveis de ocupação industrial que não denotavam um quadro de recessão profunda. Entretanto, fechados os resultados do final do terceiro trimestre, a abertura do último trimestre sinaliza uma inflexão nas taxas de crescimento bem mais consistentes. Tanto em termos de faturamento, quanto em relação aos níveis de contratações e demissões ou consumo de energia existem claros sinais de desaquecimento. Em resumo, dada as especificidades da estrutura industrial mineira (economia com forte base nos setores intermediários e complementar aos centros mais dinâmicos do país), o quadro recessivo que ora se consolida ainda tem espaço para se sustentar mais tempo, mesmo frente a uma política econômica de abrandamento do processo de ajustamento pôr parte do governo federal.


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