Economia Mineira:
Desempenho Econômico Dezembro de 1995-Janeiro de 1996

A análise da conjuntura do período em questão evidencia um quadro 
onde a tendência recessiva, já presente ao final do terceiro trimestre 
de 1995, se mantém.

Trabalhando com os indicadores disponíveis até o período Novembro95/Dezembro95, pode-se notar que em termos de vendas (faturamento), a Indústria de Transformação, depois de uma pequena recuperação em Outubro/95 com relação a Setembro/95 (+ 2,13%), apresenta um desempenho negativo considerável. O resultado das vendas de Dezembro/95, quando comparados em relação a Novembro/95, fixa-se na faixa de (-5,67%). Este comportamento denota, sem dúvida, uma ampliação dos níveis de redução das atividades econômicas no setor. A queda pronunciada dos níveis de faturamento pode também ser fruto de uma estratégia de redução dos preços de venda, com conseqüente queda do faturamento.

Mais uma vez, cabe enfatizar, que o comportamento da indústria Extrativa Mineral influenciou fortemente o resultado geral para o setor industrial. A redução do seu faturamento foi da ordem de (-48,39%), segundo informações colhidas junto ao departamento de análise econômica da Fiemg.

O movimento geral para a indústria continua sinalizando para um aprofundamento do processo recessivo. Em termos de contribuição para o resultado final das vendas setoriais, cabe destacar que, em relação à Indústria de Transformação, os destaques negativos ficaram por conta dos setores Celulose, Papel e Papelão; Vestuário, Calçados e Art. Tec.;Mat. Elétrico e de Comunic.; Minerais não Metálicos e Química.

O quadro de redução das atividades econômicas também pode ser constado, em parte, na observação dos indicadores de consumo de energia. Na passagem de Novembro/95 para Dezembro/95 permanece, ainda, sinais de redução dos níveis de consumo de energia elétrica nos setores residencial e comercial. Entretanto, após uma trajetória de declínio acentuado nos meses de Outubro e Novembro de 1995, o mês de Dezembro/95 marca uma retomado do consumo de energia industrial (ver tab. II.). Provavelmente, pode estar relacionado a algum movimento de antecipação, a nível setorial, de reposição de estoques, dado que o movimento do setor comercial foi relativamente bom em Novembro/Dezembro/95 em relação às expectativas. Outra hipótese é que este movimento pode estar relacionado com o aumento da demanda de consumo de energia por setores que ampliaram sua vendas para o exterior.

Em resumo, reportando-se aos indicadores de faturamento e consumo de energia (ver tab. I e II.) ficam evidentes um quadro de redução das atividades econômicas no setor industrial com graves rebatimentos sobre o nível de emprego e, especificamente, sobre a Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Em relação ao indicador do nível de emprego, o movimento geral confirma e reforça o quadro de redução dos níveis de atividade.

Segundo informações colhidas junto à Fiemg, a queda do nível de emprego na Indústria de Transformação situou-se na faixa de -2,38%, levemente superior aos -2,34% para o setor industrial como um todo (ver tab.I e III).

Os destaques ficaram por conta dos setores de Química, Têxtil, Vestuário, Calçados e Art. Tec. e Produtos Alimentares que foram aqueles que mais fecharam postos de trabalho no período.

O comportamento do setor varejista em Dezembro/95, quando comparado a Novembro do mesmo ano, sinalizou uma manutenção do quadro de crescimento do faturamento. Já na passagem de Outubro/95 para Novembro/95 o crescimento do setor fixou-se na faixa de +9,45%. Em Dezembro/95, a elevação das atividades comerciais atingiu a expressiva marca de +25,78 (ver tab. IV), segundo informações da Federação do Comércio do Estado de MG.

Este resultado é típico de um período de final de ano, onde as compras natalinas são a principal alavanca do comércio. O que chama atenção é o nível de crescimento, visto que no setor industrial a sinalização é para a manutenção do quadro recessivo. Um quadro que poderá emergir deste movimento é a possibilidade de recuperação, pelo menos em parte, da atividade industrial em Janeiro e Fevereiro de 1996 como reflexo dos processos de reposições de estoques. Contudo, os reflexos positivos sobre o setor industrial em Janeiro e Fevereiro podem ser menores do que o esperado, visto que em Dezembro/95 já há sinais de retomada do setor industrial visualizados nos indicadores de consumo de energia.

Quanto ao setor exportador, outro importante vetor de crescimento já enfatizado nos boletins anteriores, o mês de Dezembro/95 evidencia a manutenção de uma trajetória de crescimento das exportações na Indústria de Transformação, bem como em todo setor Industrial (ver tab. i). Em relação à Indústria de Transformação, sua taxa de crescimento de Dezembro, quando comparado ao mês anterior do mesmo ano, situou-se na faixa de +8,09%. Os destaques foram para os setores de Metalurgia, Mecânica, Química e Têxtil.

Em relação ao comportamento das receitas de ICMS, Dezembro 95 sinaliza o segundo mês consecutivo de queda na arrecadação deste tributo, após o pico de arrecadação no ano que foi em Outubro 95. A queda em Dezembro fixou-se na faixa de 6,52%, a preços correntes (ver tab.V).

O movimento desse indicador é um reflexo imediato dos grandes movimentos da indústria. Os níveis de arrecadação só não deprimem mais em razão do setor comercial manter-se em um patamar de atividade aceitável.

A questão fundamental para o setor público mineiro, já enfatizada nos Boletins anteriores, é encaminhar o processo de renegociação do seu endividamento interno com o governo federal. Por outro lado, qualquer que seja a solução para equacionamento deste endividamento, sem dúvida nenhuma, haverá um ajuste do setor público. Algumas medidas já estão a caminho tais como: privatizações (e.g Bco. Credireal); reorganização das Secretarias de Estado (fusões de secretarias e orgãos públicos); introdução do sistema de concessões ao setor privado para prestação de serviços e, a mais polêmica de todas as medidas, o ajuste no quadro do funcionalismo público.

Finalizando, este primeiro trimestre do ano de 1996 é de fundamental importância na definição de uma tendência para o primeiro semestre de 1996, principalmente por se tratar de um ano eleitoral. O processo de estabilização, conduzido a nível federal, requer um conjunto de atitudes que não se conjugam bem com um quadro eleitoral. Pressões de toda monta tornam-se evidentes, o que enfraquece o processo de estabilização. Além disso, tem-se os próprios problemas gerados pela estabilização, qual sejam, a ampliação do endividamento das economias regionais e o aumento do desemprego. Estes fatores pressionam, ainda mais, a estabilização econômica.

Desse quadro de relações sociais e econômicas é que emergirá a solução, de curto ou longo prazo, que permitirá ao país retormar sua rota de crescimento e desenvolvimento econômico de forma mais ou menos sustentável.

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