Economia Mineira

Economia Mineira: Desempenho Econômico Novembro/Dezembro 95

Este ítem do Ecosys sobre o comportamento da economia mineira analisará o desempenho do período Setembro/Outubro de 1995, bem como um balanço do segundo semestre de 1995 e as perspectivas para os primeiros meses de 1996.

Conforme explicitado nos dois últimos boletins, um movimento de desaceleração do crescimento da economia mineira configura-se, principalmente, a partir do segundo semestre deste ano.

Trabalhando nesta análise com os indicadores disponíveis até Setembro/Outubro de 1995, pode-se notar que em termos de vendas (faturamento), a indústria de transformação apresenta uma pequena recuperação em relação a Setembro. O resultado das vendas de Outubro fixou-se na faixa de 2,13% de crescimento.

O desempenho modesto da indústria de Transformação pode ser visualizado pelos seus principais destaques: em termos de crescimento positivo os setores de Fumo(+19,22%), Minerais Não Metálicos (+6,87%), Material Elétrico e de Comunic. (+6,44%) e Química (+22,42%). O destaque negativo é a queda acentuada do setor de Mecânica (48,55%).

Os setores com maior peso na estrutura da indústria de transformação tiveram desempenho modesto ou mesmo profunda desaceleração de suas vendas como é o caso do setor de Mecânica. Por outro lado, um setor que está consolidando-se no Estado e, que recorrentemente vem aparecendo nas pesquisas, é o setor Químico. Investimentos de vulto nesta área estão programados para os próximos 3 anos.

Este quadro de desaceleração também pode ser constatado na observação dos indicadores de consumo de energia. A passagem de Setembro para Outubro de 1995 é marcada por uma substancial queda no consumo de energia industrial (-9,57%), como também por uma desaceleração no consumo de energia referente ao setor comercial (+0,50%).

Em relação ao indicador de nível de emprego, o movimento geral reforça este quadro de desaceleração. A queda em Outubro em relação a Setembro de 1995 situou-se na faixa de 0,41% para a indústria de transformação. Os destaques ficam por conta dos setores de Mecânica (-0,44%), Química (-10,00%),Têxtil (-1,56%) e Prod. Alimentares (-1,87%). Destaque positivo cabe ao setor de Vest., Calc. e Art. Tec. crescimento de (+4,95%) nos níveis de emprego em relação ao mês anterior (informações obtidas junto à Fiemg).

Ainda no âmbito do comportamento do emprego, segundo informações colhidas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda apurada para Minas Gerais em Outubro/95, quando comparado a Setembro/95 , foi de (-1,4%). Este resultado foi o pior entre as economias regionais mais dinâmicas. Paradoxalmente, os salários, segundo o IBGE, estão em alta. No caso mineiro, o aumento fixou-se na faixa de +4% para o setor industrial, sendo uma das maiores altas registradas.

Em relação ao setor varejista, seu comportamento em Outubro/95 quando comparado a Setembro/95 sinalizou uma modesta recuperação dos níveis de vendas. A taxa de crescimento, segundo a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (FCEMG), situou-se ao redor de +4,81%.

Em relação ao setor exportador, um importante vetor de crescimento já enfatizado nos últimos boletins, o mês de Outubro sinaliza uma recuperação das vendas externas. Em Outubro quando comparado a Setembro, as vendas externas aumentaram em 6,42%.Em parte, essa recuperação é devida ao fraco desempenho da demanda interna. Os destaques deste movimento de recuperação foram os setores de Prod. Alimentares (+54,68%) e Minerais Não metálicos (+31,44%) .

Em relação às contas públicas, o mês de Outubro de 1995 evidenciou uma continuidade do processo de recuperação da arrecadação de ICMS no Estado. Em relação a Setembro, o crescimento da arrecadação de ICMS em Outubro situou-se na faixa de +11,10%. Resultado este creditado, pela própria Secretaria da Fazenda, à campanha de aumento da arrecadação fiscal implementada nos últimos meses.

Ainda continua como uma questão fundamental para o setor público mineiro o comportamento deste em relação aos desdobramentos do processo agudo de endividamento das mais dinâmicas economias regionais.Um quadro de propostas para equacionamento deste problema está longe de ser obtido.

Nos dois últimos Boletins, apontou-se para um quadro de relativo otimismo, principalmente sustentado nas decisões de investimento estrangeiro no estado e na manutenção de níveis de ocupação industrial que não denotavam um quadro de recessão profunda. Entretanto, fechado os resultados do final do terceiro trimestre, a abertura do último trimestre sinaliza uma inflexão nas taxas de crescimento bem mais consistentes. Tanto em termos de faturamento, quando em relação aos níveis de contratações e demissões ou consumo de energia existem claros sinais de desaquecimento.

As perspectivas para os dois últimos meses do ano são de manutenção deste quadro de desaceleração. Um movimento de recuperação mais consistente deveria ter-se manifestado nos meses de Agosto/Setembro e Outubro. Entretanto, o quadro econômico que se evidenciou foi de desaceleração ao longo do terceiro trimestre do ano. Na hipótese do movimento de recuperação ter-se verificado poderia, nesta linha de análise, sinalizar um final de ano mais movimentado em termos de faturamento da indústria e do comércio. Entretanto, ainda existe a hipótese de que o comércio poderá ter um movimento razoável, em termos de faturamento, em razão do acúmulo de estoques dos últimos meses de faturamento irregular.

Quanto ao desempenho dos primeiros meses do ano, o comportamento da política econômica no âmbito federal será um condicionante inequívoco para a manutenção ou retomada do crescimento das principais economias regionais do país.

Tudo indica que, apesar do afrouxamento da política monetária, o setor industrial ainda manterá uma trajetória de declínio, principalmente em razão dos profundos impactos causados pela política econômica federal ao longo do período de Março/Outubro de 1995.

Deslocando a análise para um enfoque mais de longo prazo, duas questões devem ser considerados para a manutenção e alavancagem do crescimento da economia mineira.

A primeira diz respeito ao equacionamento das finanças públicas. Em boa parte, as decisões centrais, para deslanchar um processo de ajustamento, dependem de reformas constitucionais.

Quanto as tarefas que podem ser desenvolvidas sem depender do parlamento, pelo menos em tese, o Estado de Minas Gerais está um pouco mais avançado quando comparado com outras economias regionais mais dinâmicas que a mineira. Como exemplo, pode-se citar a criação de um mecanismo financeiro que permite trocar dívidas de curto prazo por dívidas de médio e longo prazos, ou seja, alongamento do perfil da dívida pública (CADIV); incorporação da estratégia de privatização - Bco. Credireal; como também o envio de proposta para o Legislativo Estadual, de definição de parâmetros de divisão de parcela do ICMS a ser repassada aos municípios mineiros, referentes à regulamentação da parcela de 25% previstos constitucionalmente, já que 75% é feita levando em consideração a arrecadação do Valor Adicionado Fiscal.

A segunda questão refere-se à incorporação de uma nova idéia de desenvolvimento econômico. Tendo como referência as linhas básicas de ações do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, os caminhos do novo ciclo de crescimento mineiro já estão definidos. Os grandes eixos rodoviários e ferroviários serão o ponto de partida de distribuição do desenvolvimento econômico no estado.

Estes eixos influenciarão a estruturação da produção, bem como a instalação dos empreendimentos econômicos. Basicamente, dos 7 grandes eixos, 5 influenciam diretamente a região metropolitana de Belo Horizonte. Significam mais oportunidades de investimento, emprego e arrecadação mas, por outro lado, sinalizam profundas demandas sobre os serviços públicos dessa região, em especial sobre o município de Belo Horizonte.


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