ECONOMIA DE MINAS GERAIS

Balanço Geral do ano de 1998

Segundo pesquisa da FIEMG-MG, Indicadores Industriais, as informações gerais para o mês dezembro/98 confirmam o quadro de desaceleração porque passa a economia mineira, principalmente a partir do segundo semestre de 1998. Os primeiros sinais de desaceleração foram sentidos já na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 1998 (conforme Boletim Ecosys de Março/Abril/Maio de 1998).

Sem dúvida nenhuma, com a queda de faturamento de (1,07%) em dezembro, a indústria passou a acumular no ano uma queda de (7,01%). Este resultado foi de longe o pior da era do real. A desaceleração já era esperada em razão dos reflexos da crise internacional ocorrida no final do ano de 1997. (ver tabelas 1a e 1b)

O surgimento, bem como o aprofundamento da crise no sudeste asiático levou a uma imediata reação da política econômica do governo federal. Basicamente, as medidas foram direcionadas para a defesa da moeda nacional. O destaque ficou por conta da política de elevação das taxas de juros internas, visando principalmente a manutenção do fluxo de entrada de recursos externos e a permanência daqueles capitais que aqui já estavam aplicados.

Posteriormente, com a segunda rodada de crises internacionais em setembro/98, culminando com a moratória russa, determinou um aprofundamento do processo recessivo já em curso. Em especial, a economia mineira, dada a sua estrutura econômica bastante voltada para os setores metal-mecânica, cujos setores de siderurgia e material de transporte foram muito atingidos pela queda da demanda de bens duráveis, teve seu desempenho comprometido ainda mais.

No acumulado de 1998, os setores de bebidas (-15,94%), fumo (-18,05%) e material de transporte

(-31,91%) foram aqueles que tiveram as maiores quedas nos seus faturamentos. Já os setores dos segmentos têxtil (+7,12%), químico (+3,61%) e material elétrico e de comunicações (+11,60%) foram os setores que mantiveram um crescimento estável ao longo do ano. Quanto aos setores de metalurgia, mecânica e celulose-papel e papelão estes apresentaram um comportamento positivo na primeira metade do ano e, posteriormente, reverteram seus movimentos de alta fechando o ano com taxas negativas de crescimento respectivamente de (-5,29%), (-8,72%) e (-4,45%).

Quanto ao comportamento do emprego no período e no ano, os números (ver tabela 1a) mostram o aprofundamento dos processos de reestruturação e modernização industrial. Este movimento de redução dos níveis de emprego ganhou contornos dramáticos. Em dezembro a queda foi de (-2,97%) e no acumulado do ano a indústria registrou um declínio do nível de emprego de (-8,48%). Os setores têxtil e vestuário e calçados, material de transporte, celulose-papel e papelão e fumo apresentaram os maiores níveis de emprego.

COMPORTAMENTO DA INDÚSTRIA MINEIRA

VARIAÇÕES (%)

SETOR/PERÍODO

Dez/98

Dez/98

jan98 a Dez/98

Nov/98

Dez/97

jan/97 a Dez/97

EXTRATIVA MINERAL

FATURAMENTO (1)

(2,53)

(20,22)

8,14

PESSOAL EMPREGADO (2)

(1,24)

(7,75)

(9,24)

IND. TRANSFORMAÇÃO

FATURAMENTO (1)

(0,99)

(17,91)

(7,80)

PESSOAL EMPREGADO (2)

(3,04)

(12,24)

(8,45)

AGREGADO INDÚSTRIA

FATURAMENTO (1)

(1,07)

(18,01)

(7,01)

PESSOAL EMPREGADO (2)

(2,97)

(12,05)

(8,48)

FONTE: INFORME ECONÔMICO EMPRESARIAL, FEV/99,ANO 3, Nº 2.

PUBLICAÇÃO DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MG.

(1) VARIAÇÃO REAL-DEFLATOR: IPA-OG/SETORIAL/FGV

(2) VARIAÇÃO NOMINAL

 

Em relação ao setor exportador, tanto no período quanto no ano o desempenho foi abaixo do esperado mas ainda positivo, ou seja, corroborando para manter o viés exportador da economia mineira. A despeito da queda dos preços dos bens exportados (-22,38%, em média, entre setembro/98 e novembro/98), principalmente após a crise asiática, a queda das importações efetuadas pela economia mineira foram maiores, o que permitiu a manutenção de um saldo positivo na balança comercial do estado.

Quanto ao comércio varejista, como já era esperado, o seu desempenho fechou o ano de 1998 no seu pior nível na era do real. A queda do índices de comércio foi uma constante ao longo de todo o ano. Resultado este reflexo imediato das políticas contencionista do governo federal. O faturamento foi (-5,79%) em relação a dezembro de 1997 e no acumulado do ano a queda atingiu (-10,92%). No acumulado do ano, em relação a igual período do ano anterior, as quedas mais significativas concentraram-se nos setores de comércio automotivo (-24,50%), semiduráveis (-13,96%) e material de construção (-14,99%).

Perspectivas e Comportamento da Economia Mineira no 1º trimestre de 1999

O início do ano de 1999 foi marcado pelas expectativas de aprofundamento do processo recessivo nacional e, consequentemente, estadual. Entretanto, em Minas Gerais, a posse do novo governo introduziu um componente novo nas expectativas dos agentes econômicos. A moratória mineira, a despeito de suas justificativas técnicas, corroborou para a quebra das expectativas ainda positivas de retomada do curso de estabilização e posterior volta ao crescimento da economia brasileira. A partir de então, as expectativas econômicas deterioram-se rapidamente até a mudança cambial na Segunda metade do mês de Janeiro/99.

Neste quadro de referência, num primeiro momento as perspectivas econômicas mineiras eram de aprofundamento do processo recessivo acompanhado de uma possível retomada inflacionaria. Entretanto, já no primeiro mês do ano resultados positivos no faturamento da indústria foram notados (+2,01%) quando comparado ao mês de dezembro de 1999. Por outro lado, quanto ao nível de emprego este continua a sua trajetória de declínio (-1,10% em Jan/99 contra Dez/98).

A desvalorização do câmbio apontava para uma possível aceleração dos índices inflacionários. Entretanto, a surpresa nesta área foi grande em razão dos primeiros resultados em fevereiro e março não corroborarem para previsões alarmistas anteriormente lançadas. Sendo assim, já na virada do primeiro para o segundo trimestre de 1999 sinais de recuperação já foram sentidos. O crescimento do faturamento da indústria em março/99 contra fevereiro/99 foi de (+16,60%). Com destaque para a indústria mecânica, material elétrico e de comunicações, material de transporte, têxtil e vestuário/calçados. O setor de celulose-papel e papelão ainda manteve-se numa trajetória de queda (-22,69%). (Fonte: versão preliminar dos Indicadores Industriais, pesquisa da FIEMG-MG sujeita a modificações)

DESEMPENHO DO COMÉRCIO VAREJISTA

FATURAMENTO (%)

ATIVIDADES

Dez/98

Dez/98

jan a dez/98

Nov/98

Dez/97

jan a dez/97

COMÉRCIO VAREJISTA

29,21

(5,79)

(10,92)

DURÁVEIS

22,82

(8,77)

(8,70)

SEMI DURÁVEIS

85,69

(7,85)

(13,96)

NÃO DURÁVEIS

24,88

(1,53)

(5,02)

COMÉRCIO AUTOMOTIVO

24,49

(2,89)

(24,50)

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

5,30

(2,71)

(14,99)

FONTE: PESQUISA CONJUNTURAL DO COMÉRCIO VAREJISTA DA RMBH

DEFLATORES: ÍNDICES ESPECÍFICOS DO IPEAD/UFMG

Em relação ao comércio varejista, o comportamento geral apontou para um crescimento das vendas de (+26,72%) em março/99 contra fevereiro/99. Os destaques ficaram por conta de Comércio automotivo (+69,14%), fruto dos acordos setoriais de incentivo à produção e venda de carros, e o setor de semiduráveis com aumento de (+27,30%) em seu faturamento. Entretanto, no acumulado do ano o comércio varejista, analisado na região metropolitana de Belo Horizonte, amarga um queda de (-14,73%) em suas vendas. (Fonte: Federação do Comércio de Minas Gerais, Boletim de Março/99)

A utilização da capacidade instalada, bem como a massa salarial responderam positivamente na passagem de fevereiro para março de 1999. Respectivamente, cresceram em 78,91% e 1,70%. Mas a nota destoante neste início de recuperação continua sendo o nível de emprego. Este apresentou uma retração de (-0,89%).

TABELA 1 (B)

COMPORTAMENTO DA INDÚSTRIA MINEIRA

VARIAÇÕES (%)

SETORES

UTILIZAÇÃO CAPACIDADE INSTALDA

Nov/98

Dez/98

Jan/98 a Dez/98

EXTRATIVA MINERAL

88,20

86,17

93,94

IND. TRANSFORMAÇÃO

78,57

78,40

80,85

INDÚSTRIA (AGREGADO)

79,12

78,84

81,59

FONTE: INFORME ECONÔMICO EMPRESARIAL, FEV/99, ANO 3, Nº 2.

PUBLICAÇÃO DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MG.

Finalizando, segundo pesquisa da FIEMG-MG, as expectativas dos agentes econômicos para os próximos meses apontam para uma estabilidade nas vendas, com possível aumento a partir de maio, e na manutenção dos níveis de emprego.

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