Economia de Minas Gerais: Um Balanço

 

O Trimestre final do ano de 1997 foi marcado por uma profunda mudança no quadro econômico nacional condicionado pela crise econômica/financeira internacional.

O surgimento, bem como o aprofundamento da crise no sudeste asiático levou a uma imediata reação da política econômica do governo federal. Basicamente, as medidas foram direcionadas para a defesa da moeda nacional. O destaque ficou por conta da política de elevação das taxas de juros internas, visando principalmente a manutenção do fluxo de entrada de recursos externos e a permanência daqueles capitais que aqui já estavam aplicados.

O reflexo sobre os agentes sócio-econômicos foram imediatos, ou seja, a redução das atividades produtivas internas seria apenas uma questão de tempo (defasagem) com os conseqüentes rebatimentos no plano externo (redução das importações e pequena melhoria no déficit em transações correntes).

De pronto, a economia Mineira sentiu o impacto das medidas, haja visto que os números do faturamento do setor industrial caíram (8,78%) no período nov97/out97 (ver tabela 1a), como também o comércio varejista teve seu faturamento reduzido, na região metropolitana de Belo Horizonte, em aproximadamente (4,79%) no período de nov97/out97 e no acumulado do ano (4,24%) (ver tabela 2). Entretanto, no acumulado do ano até nov97 contra o mesmo período de 1996 o faturamento da indústria cresceu a uma taxa de +9,19%. Os destaques ficaram por conta dos setores de material de transporte, com crescimento de +34,04 % jan-out97/jan-out96 no seu faturamento e de +128,02% na suas exportações (automóveis - FIAT). Também os setores de mecânica com +43,83%, material elétrico +22,16%, papel e celulose +25,32% e fumo +10,41% contribuíram para o bom desempenho ao longo do ano. A despeito da reversão no trimestre final do ano, o movimento geral foi positivo. Duas hipóteses corroboram para esse resultado. A primeira está ligada a forte presença de capital externo na estrutura industrial do Estado. Atualmente, grandes investimentos em modernização, expansão e/ou implantação de novas unidades industriais estão em curso, ou seja, não foram interrompidos os fluxos de investimentos, fato este que tem ajudado na sustentação de um nível de atividade satisfatório.

 

 

TABELA 1 (A)

COMPORTAMENTO DA INDÚSTRIA MINEIRA

VARIAÇÕES (%)

SETOR/PERÍODO

Nov/97

Nov/97

jan97 a nov/97

Set/97

Out/97

Nov/96

jan/96 a nov/96

Ago/97

EXTRATIVA MINERAL

FATURAMENTO (1)

2,85

22,62

14,21

...

PESSOAL EMPREGADO (2)

(2,21)

(11,36)

(6,82)

...

IND. TRANSFORMAÇÃO

FATURAMENTO (1)

(9,37)

2,81

9,07

...

PESSOAL EMPREGADO (2)

(1,93)

(4,73)

(2,33)

...

AGREGADO INDÚSTRIA

FATURAMENTO (1)

(8,78)

3,59

9,19

...

PESSOAL EMPREGADO (2)

(1,94)

(4,73)

(2,33)

...

FONTE: INFORME ECONÔMICO EMPRESARIAL, OUT/97, ANO 1, Nş 6.

PUBLICAÇÃO DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MG.

(1) VARIAÇÃO REAL-DEFLATOR: IPA-OG/SETORIAL/FGV

(2) VARIAÇÃO NOMINAL

Quanto a segunda hipótese, ela está relacionada a própria estrutura industrial do Estado ainda fortemente baseada no setor intermediário, que não tinha experimentado até o final do ano uma redução substancial das encomendas por parte das indústrias transformadoras (ver tabelas 1a e 1b).

Quanto ao comportamento do emprego no período e no ano, os números (ver tabela 1a) mostram o aprofundamento dos processos de reestruturação e modernização industrial. Este movimento de redução dos níveis de emprego poderá ganhar contornos mais dramáticos, haja visto que as previsões para 1998 apontam para o agravamento do quadro recessivo, ainda não muito evidente no Estado.

Em relação ao setor exportador, tanto no período quanto no ano o desempenho foi extremamente favorável. O crescimento no acumulado jan-nov97 contra o mesmo período de 1996 atingiu o nível de +22,83%, com as exportações atingindo 6,5 bilhões de dólares e as importações 2,05 bilhões de dólares (queda de 19,89% em relação a 1996).

TABELA 1 (B)

COMPORTAMENTO DA INDÚSTRIA MINEIRA

VARIAÇÕES (%)

SETORES

UTILIZAÇÃO CAPACIDADE INSTALADA

Out/97

Nov/97

dez/96 a nov/97

EXTRATIVA MINERAL

95,13

96,23

94,01

IND. TRANSFORMAÇÃO

84,24

82,14

81,52

INDÚSTRIA (AGREGADO)

84,85

82,94

82,23

FONTE: INFORME ECONÔMICO EMPRESARIAL, OUT/97, ANO 1, Nş 6.

PUBLICAÇÃO DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MG.

Finalizando, o ano de 1997 explicitou um processo em curso na estrutura industrial do Estado. Segundo pesquisas da MA Consultores Econômicos, de São Paulo, Minas Gerais está entre os Estados da Federação em que a produtividade mais cresceu. A despeito das críticas ao critério adotado (produtividade medida pela produção física por empregado, com base nos dados do IBGE), os números apresentados sinalizam um processo de mudança na estrutura industrial.

De 1993 até 1996 a produtividade cresceu aproximadamente 47,6%, o que propiciou a Minas Gerais o melhor desempenho entre os Estados do país. Um exemplo desse vigoroso movimento está no crescimento da produtividade no setor automobilístico (montadoras e autopeças) em +17,7% de jan97 a out97 e, no mesmo período, nos setores de mecânica +19,3%, fumo +15,2%. O setor campeão de crescimento da produtividade foi a indústria extrativa mineral com +114,1% entre 1993 e out.97. Entretanto, é importante ressaltar que, em muitos casos, o aumento da produtividade está muito mais ligado à redução do quadro de empregados (caso do setor extrativo mineral, principalmente) do que ao aumento do fator qualidade, fato este que pode ser constado pela comparação entre o movimento do emprego e da produtividade nos setores em questão.

 

 

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