ECONOMIA DE BELO HORIZONTE: Primeiro Quadrimestre de 1999

I - O Nível de Preços

O nível de preços no município de Belo Horizonte durante os meses de janeiro à abril de 1999, apresentou uma elevação, entre janeiro e fevereiro e queda no período subsequente.

Através dos dados do IPEAD/UFMG verificou-se que a média mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo -IPCA, que mede os gastos das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, no mesmo período em pauta foi de 1,45% em fevereiro, contra 0,01% no mês de janeiro, 0,93% em março e de 0,44% em abril, com tendência de queda para o mês de maio. A tendência de elevação no primeiro bimestre do ano, acabou gerando uma grande preocupação por parte dos analistas em função do fantasma da volta da inflação, fenômeno provocado pela crise cambial de janeiro. Quanto ao Índice de Preços ao Consumidor Restrito - IPCR, que mede os gastos das famílias de 1 a 8 salários mínimos, mostrou uma variação de 0,27% no mês de abril, contra 1,21% no mês de março. O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 2,89%.

GRÁFICO - 1

Fonte: IPEAD/IBGE

Em abril o item vestuário e calçados foi um dos que mais contribuiu para a variação do IPCA em Belo Horizonte, em torno de 3,20%, acompanhado pela mudança no preço dos serviços públicos 1,41% (influenciado pelo aumento da gasolina). Em contrapartida, as maiores quedas foram verificadas nos preços dos produtos alimentares "in natura" (-)5,35% e de elaboração primária (-)1,37%, comandada pelas quedas verificadas nos preços das carnes e do arroz.

Houve em Belo Horizonte neste primeiro trimestre do ano, assim como nas demais capitais do país especialmente São Paulo, uma reversão dos preços, com forte elevação entre os meses de janeiro e fevereiro, fato este explicado pela desvalorização do Real e seus impactos sobre os preços dos produtos industrializados, de elaboração primária, transportes, comunicações e energia. Apesar das pressões provocadas pela crise, alguns preços literalmente caíram ou estabilizaram-se tendo em vista a forte recessão, especialmente pelo desemprego. O comércio varejista e automotivo realizaram várias promoções e, mesmo assim, quase todas as pesquisas apontaram queda dos preços no país e nas regiões metropolitanas.

TABELA - 1

VARIAÇÃO DO VALOR DA CESTA BÁSICA EM

BELO ORIZONTE – ABRIL DE 1999

PRODUTOS

Variação %

Valor em R$

Qtidade

Açúcar Cristal

-9,06

1,24

3.0 Kg

Carne de segunda

-3,12

17,99

6.0 Kg

Óleo de Soja

-10,46

1,37

900 ml

Arroz

-5,56

3,06

3.0 Kg

Batata inglesa

4,87

4,31

6.0 Kg

Manteiga

1,21

5,86

0.75 Kg

Banana caturra

-0.70

7,07

7.5 Kg

Farinha de trigo

0,81

1,24

1.5 Kg

Tomate Santa Cruz

9,06

7,10

9.0 Kg

Feijão carioquinha

-16,85

8,93

4.5 Kg

Café em pó

-1,70

2,31

0.6 Kg

Pão francês

-0.82

14,54

6.0 Kg

Leite tipo C

5,96

7,11

7.5 L

CUSTO DA CESTA

-

82,13

-

MENSAL

-2,11

-

-

CUSTO/SAL. MÍNIMO

63,18

-

-

FONTE: IPEAD/CEDEPLAR/UFMG

Um exemplo disso pode ser verificado no custo da Cesta Básica, que apresentou uma queda de 2,11% no mês de abril, conforme Tabela 1 acima, que representa os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação, definida pelo Decreto Lei 399/38, calculado pelo IPEAD/UFMG. O valor da cesta básica naquele mês ficou em R$ 82,13 (oitenta e dois reais e treze centavos) e representou 63,18% do piso salarial. As maiores quedas foram nos preços do feijão carioquinha (-) 16,85%, óleo de soja (-) 10,46%, açúcar cristal (-) 7,46%, arroz (-) 5,56% e carne de segunda (-) 3,12%. As maiores altas verificadas em abril, foram a dos preços do tomate santa cruz 9,06%, leite tipo c 5,96% e batata inglesa 4,87% e que, segundo o instituto, evitaram queda maior no custo da cesta básica em abril.

II – O desemprego no município

O crescente desemprego verificado em quase todo o país, e em Belo Horizonte, como visto no Gráfico 2, ajudam também na compreensão do fenômeno de desaceleração dos preços verificados no primeiro trimestre deste ano.

 

Gráfico 2

Fonte: IBGE/Abril 98

 

>Conforme as pesquisas divulgadas pelo IBGE e Fundação João Pinheiro/Dieese, a taxa de desemprego na RMBH atingiu 8,7%, segundo o primeiro instituto, e 17,9% de acordo com o segundo. Nas estimativas são mais de 20 mil pessoas desempregadas somente no mês de março de 1999, totalizando 322 mil pessoas na região. Dentre os setores que mais reduziram os postos de trabalho, destacam-se o comércio varejista com 12mil pessoas e construção civil, 9 mil. A indústria cortou em torno de 1.000 postos de trabalho e nos demais setores a redução foi de 6.000 postos.

>II - Preços dos Aluguéis Residenciais e Comerciais

A variação do índice de preços dos aluguéis residenciais em Belo Horizonte, oscilou durante os meses de janeiro e abril do corrente ano, assim como a oferta de imóveis, como apontado pela Pesquisa do Mercado Imobiliário do IPEAD/UFMG e demonstrado no Gráfico 3, a seguir.

 

Gráfico 3

 

FONTE: IPEAD/UFMG

Verificou-se nas últimas pesquisas que o número de unidades residenciais colocadas a venda no primeiro quadrimestre deste ano dobrou em relação ao número de imóveis lançados entre o período de janeiro e abril de 1998. No levantamento do IPEAD foram registrados 1.345 novas unidades residenciais nas carteiras das corretoras e construtoras, contra 605 no ano passado. Nas avaliações do setor, o volume de imóveis que ingressaram no mercado indica um reaquecimento do setor imobiliário, após um longo período de turbulência da economia brasileira que acabou gerando uma forte contração no ano de 1998.

 

 

 

 

TABELA - 3

VALORES MÉDIOS EM REAIS DOS ALUGUÉIS RESIDENCIAIS EM BELO HORIZONTE -

FEVEREIRO E MARÇO DE 1998

IMÓVEL

NÚMERO

BAIRRO POR CLASE DE RENDA

DE QUARTOS

Popular

Médio

Alto

Luxo

e Banhos

Mar/98

Abr/99

Mar/98

Abr/99

Mar/98

Abr/99

Mar/98

Abr/99

Barracões

1

203,83

189,06

225,59

210,47

220,00

179,00

(-)

(-)

2 ou +

248,79

237,83

285,44

254,43

(-)

314,50

(-)

(-)

Casas

1

240,42

197,14

247,14

321,43

340,00

(-)

(-)

(-)

2

313,73

292,61

345,82

317,93

444,38

415,56

(-)

387,50

3 e 1

465,29

343,44

528,21

429,71

889,29

575,33

1270,00

950,00

3 e 2

505,00

553,89

671,67

732,11

(-)

990,71

1237,50

1950,00

4 e 2

476,25

550,83

739,17

747,67

1071,43

1028,57

2335,00

2075,00

Acima 4 e 2

(-)

(-)

925,00

924,20

2075,00

1087,50

3185,71

2755,56

Apartamentos

1

241,67

208,33

276,03

230,36

312,86

278,52

507,50

418,44

2

309,11

273,83

357,87

327,90

415,57

398,21

541,32

497,11

3 e 1

362,88

318,58

455,74

384,68

533,78

448,40

701,65

498,36

3 e 2

430,55

407,85

433,95

483,06

554,29

568,37

744,00

684,51

4 e 2

(-)

537,50

853,44

652,00

1023,64

910,00

1381,42

1179,79

Acima 4 e 2

(-)

(-)

(-)

(-)

(-)

1200,00

1775,00

2188,24

FONTE: IPEAD/CEDEPLAR/UFMG

(-) Dado não disponível no nível

 

No mercado de locação de imóveis em Belo Horizonte a pesquisa do IPEAD demonstra que o setor, estava passando por uma situação atípica que mudou de uma forte retração no ano passado para uma tendência de reaquecimento no primeiro quadrimestre deste ano. A Tabela 2 demonstra que houve fortes mudanças nos preços dos aluguéis residenciais entre março de 1998 e abril de 1999. Os aluguéis de imóveis padrão popular, alto e luxo caíram em quase todas as categorias (Barracões, casas e apartamentos), enquanto o padrão médio sofreu elevações. A principal razão para a referida queda pode ser justificada pelo fato de um represamento anterior da oferta de imóveis ter dado lugar a uma maior oferta neste ano, sobretudo nos bairros nobres da Capital em que a oferta praticamente dobrou.

Finalmente cabe reforçar que a pesquisa aponta para o primeiro quadrimestre de 1999 uma tendência de estabilidade para o setor e sinaliza uma perspectiva de aquecimento das vendas e mesmo queda dos preços dos aluguéis. Certamente essa tendência somente poderá se efetivar caso haja uma reversão nos níveis de desempenho da economia e na queda do desemprego urbano, fatores esses condicionantes do otimismo destacado pelo setor imobiliário.

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