ECONOMIA DE BELO HORIZONTE

I. Um Quadro Geral

O Município de Belo Horizonte, completará em 1997 seu primeiro centenário, momento este de grandes transformações ocorridas nas grandes capitais de todo o país, especialmente daquelas como BH que já atingiram um acentuado grau de urbanização/metropolização. Com o desenvolvimento urbano surge uma série de questões que, desde a sua fundação em 1897 até os dias atuais, invocam uma análise. Sobre o desenvolvimento econômico do Município de Belo Horizonte, ressalta-se o realizado pelo CEDEPLAR 1 que apresenta aspectos relevantes sobre as características gerais do desenvolvimento econômico do Município mais recentes.

 

ATIVIDADES INDUSTRIAIS E DE SERVIÇOS NO MUNICÍPIO

Características Gerais das Atividades Industriais

Belo Horizonte têm de acordo com o trabalho citado, o terceiro menor índice de Valor da Transformação Industrial em relação às principais capitais do país em 1985, 1,96%, sendo o menor de Salvador e o maior de São Paulo 1,05% e 78,77% respectivamente(PBH, 1995, p.226).

Do pessoal ocupado no mesmo período no Setor Industrial BH aparece como a terceira em participação percentual, 4,0%, sendo São Paulo a maior com 10,6% e também Salvador a menor com 1,8%. No total do emprego industrial a maior parte do pessoal ocupado encontrava-se no Setor de Vestuário, Metalurgia, Alimento , Mecânica, ou seja, aproximadamente 57% do pessoal ocupado, sendo o restante distribuído nos demais setores industriais de menor expressão, tais como: Bebidas; Têxtil; Químico; Papel e Papelão Material Elétrico, etc.

 

Com base na compatibilização entre os valores do Censo Industrial de 1985(IBGE) e do Valor Adicionado Fiscal de 1992(SMFA/PBH) DINIZ estimou a ampliação na participação percentual de algumas Setores, dentre eles os que mais cresceram foi o de metalurgia( 34,11% - 36,79%), vestuário(9,62% - 11,16%), alimentos(6,58%- 9,32%)), bebidas(1,11% - 6,70%). Destes setores que ampliarão sua participação no Setor Industrial em Belo Horizonte, segundo o trabalho apenas a indústria de vestuário demonstrou sua capacidade exportadora, sendo vista como aquela potencializadora para o Município em termos de vantagens comparativas. As demais atividades ampliam a sua participação no contexto da economia regional e ou nacional, no momento em que são relevados os fatores de aglomeração , especialmente aqueles ligados ao entorno do denomido Eixo Industrial do Município, com destaque para os municípios de Betim e Contagem.

A Tabela 1 acima foi extraída do estudo de DINIZ citado. Como pode ser visto as atividades industriais concentram-se em maior proporção no Barreiro, região esta que está do ponto de vista do Setor Industrial mais próxima do entorno industrial do Município. Em termos de Valor Adicionado Fiscal verificou-se que as maiores indústrias de Belo Horizonte 55,18% do VAF total, aproximadamente 33% localizam-se na região do Barreiro, destacando-se as indústrias de metalurgia e química.

Características Gerais das Atividades de Serviços

Em que pese a concentração industrial do Município com o entorno do Eixo Industrial da Região Metropolitana, este processo característico do próprio desenvolvimento econômico da Capital do Século, favoreceu o crescimento do setor de serviços, que segundo o estudo citado, decorre de três fatores básicos, sendo eles: à denominada terciarização espúria , característico das grandes metrópoles dos países subdesenvolvidos, onde existem uma enorme massa de mão-de-obra excedente (subemprego) que não é absorvida pelo industrial; como segundo fator destaca-se a tradição industrial, que como visto concentra-se nos denominados ramos de atividades industriais tradicionais(extrativa mineral e metalúrgica) do Município, que possuem segundo DINIZ um limitado efeito aglomerativo urbano e, por sua vez reduzido potencial como gerador de renda agregada. Finalmente destacou-se o terceiro fator relacionado à nova base exportadora da RMBH, advinda das mudanças ocorridas na implantação de industrias manufatureiras e de bens de capital e de bens de consumo durável, que segundo o trabalho indicado cresceram especialmente a partir dos anos 70, provocaram impactos positivos também para o setor de serviços.

TABELA 2

A tabela 2 acima, calculada a partir dos dados apresentados nos estudos básicos do Plano Diretor de Belo Horizonte, demonstra uma concentração do denominado segmento dinâmico do setor de serviços do Município, isto é, serviços produtivos na Regional Centro-Sul. Considerados como aqueles onde são desenvolvidas atividades auxiliares do setor industrial, envolvem basicamente os serviços profissionais e de negócios, setor financeiro e de seguros, serviços imobiliários e de leasing , de engenharia, desing e científicos. Em segundo lugar aparece a Regional Noroeste. Os distributivos que envolvem basicamente as atividades locação e de transportes, também estão concentrados na Centro Sul, em que pese os ligados às atividades mais tradicionais estarem distribuídos de forma mais homogênea entre as regiões do Município.

 

 

II. A Evolução da Receita/Despesa e do Índice De Preços ao Consumidor Amplo do Município nos Últimos 12 Meses

Segundo os dados do Tesouro Muncipal (Tabelas I e II) receita do Município cresceu em R$ 150.300,00 milhões, um aumento de 58,4 % em relação ao período de janeiro à agosto de 1994/95. A arrecadação própria foi a que mais influenciou nesta evolução das receitas, de R$ 135.537,00 milhões para R$ 253.896,00 representando um crescimento de 87,33%. Quanto às transferências, estas tiveram um crescimento de apenas 58% no mesmo período. Estima-se que parte deste crescimento é fruto da estabilização dos preços e da queda da inflação(Tabela 3 e Gráfico 1). Como pode ser visto no gráfico , a queda da inflação nos últimos doze meses em Belo Horizonte, acompanha a realidade nacional. Período de setembro de 1994 à agosto de 1995 a média da evolução dos preços medidos pelo IPEAD, ou seja, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA foi de 2,13%.

  

GRÁFICO 1

FONTE: PBH/SMF/DT - SETEMBRO DE 1995.

 

GRÁFICO 2

FONTE: IPEAD-MG

 

Cresceram tanbém no período as despesas vis a vis à evolução da receita municipal sendo com pessoal um aumento de 52%, ou seja, de R$ 133 milhões em 1994 para R$ 202 milhões em 1995, com obras de 92%, de R$ 25 milhões para R$ 48 milhões e com custeio um acréscimo de 55%, isto é, de R$ 62 milhões para R$ 96 milhões no mesmo período de janeiro à agosto de 1994/95. 

Além da evolução das despesas com pesooal, também afetadas pelo período atual de inflação (relativamente) baixa, há vários outros fatores que vêm afetando as finanças municipais em quase todo o país, assim como em Belo Horizonte. O processo de emancipação de municípios, a redução do montante a ser distribuído pelo governo federal, as isenções de exportações, a proposta de fusão do ICMs/IPI, são alguns fatores que podem ter impacto sobre a receita municipal.

GRÁFICO 3

 

Notas

1. Trabalho publicado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Os estudos sobre o desenvolvimento do Município, foram elaborados por DINIZ, Clélio Campolina et al. Diretrizes para o desenvolvimento de Belo Horizonte. Belo Horizonte, CEDEPLAR/FACE, março/1995. (Versão Preliminar).

 

 

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