A Evolução da Conjuntura
Entramos em 96 com a manutenção do quadro vivido já no final do ano, com leves mudanças. Os rumos da política econômica também não foram alterados, apesar do anúncio da nova banda cambial, já que a mudança efetiva só deve se concretizar no longo prazo. Permanece a combinação da redução lenta da taxa de juros, eliminação parcial e gradual nas restrições sobre o sistema de crédito e “ajuste fino” da taxa de câmbio. A inflação mantém sua tendência à oscilação em torno de patamares anteriores, com tendência declinante ao longo do ano, salvo alguma surpresa. Mas a estabilização não é, ainda , uma navegação fácil em um mar tranqüilo. O governo entra o ano amargando um dos maiores déficit fiscais de nossa história, como pouca ou nenhuma perspectiva real de solução a curto e médios prazos. O setor externo apresenta também perspectivas de novos desequilíbrios, na medida em que mantém-se a valorização da moeda e uma política de abertura externa. O fluxo internacional de capitais, que vem se acelerando rapidamente, deixa de ser uma solução para se tornar mais um pesadelo para o governo, ao pressionar as contas públicas. Começa a se tornar preocupante, também, o ritmo de endividamento externo , na medida em que o montante da dívida pode gerar novamente problemas para sua ”rolagem”. A economia, pelos indicadores disponíveis, parece apresentar tendências ao crescimento, tendo em vista as perspectivas de queda da taxas de juros e de retomada de capacidade de endividamento dos consumidores. Torna-se, no entanto, cada vez mais evidente que mesmo na hipótese de um “boom”, que deverá ser controlado pelo governo, o crescimento significará um aumento maior do desemprego e não sua redução, haja visto o recurso das empresas a todas as formas - modernas e arcaicas - de redução do custo do trabalho, visando enfrentar a voraz concorrência externa.