A EVOLUÇÃO DO IPCA/IPEAD DE BELO HORIZONTE

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, que mede os gastos da famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos em Belo Horizonte, apresentou uma variação de 2,2%, contra 1,69% na quarta quadrissemana do mês de janeiro, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas - IPEAD/UFMG. As maiores altas entre os onze itens agregados que compõem o IPCA, ficaram neste período com os produtos alimentares "in natura" (17,19%) e da saúde e cuidados pessoais (3,80%). As maiores quedas verificadas foram os dos produtos de elaboração primária (-2,68%), sendo o grande impacto nesse grupo causado pela diminuição nos preços das carnes (-3,59%).

Quanto ao Índice de Preços ao Consumidor Restrito - IPCR, que refere-se às famílias com renda de 1 a 8 salários mínimos, a elevação apresentada no mesmo período foi de 2,34%, contra 1,73% no mês anterior.

 Apesar da elevação verificada no nível de preços de Belo Horizonte no mês de janeiro de 1996, provocada mais especificamente pelos preços dos produtos de alimentação e cuidados com saúde e pessoais, prevalece as perspectivas para os próximos meses de inflação em baixa, conforme pode-se verificar nos índices oficiais já divulgados para a primeira quadrissemana de fevereiro em quase todo o país Outro fator importante que, já foi levantado anteriormente é que os aluguéis residenciais e os preços dos automóveis usados, dentre outros que contribuíram significativamente para a alta da inflação em Belo Horizonte, encontram-se neste momento em verdadeira queda.

Acompanhando a conjuntura nacional, o nível de preços no município de Belo Horizonte durante o ano de 1995, manteve-se em baixa, quando comparado ao mesmo período de 1994. A média do IPCA/IPEAD, que mede os gastos das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, no período de janeiro de 1995 à janeiro do corrente ano foi de 2,00%, contra aproximadamente 9,00% no ano de 1994. O mês de novembro já havia demonstrado, de maneira bastante nítida, a tendência declinante dos índices de preços no Município. Fazendo uma rápida recapitulação da evolução do referido índice, verificou-se que já em setembro a inflação foi basicamente pressionada pelos aluguéis residenciais e, pelas tarifas de ônibus urbanos, que segundo o IPEAD, na quarta quadrissemana, responderam por 55% da variação do índice, que foi de 0,88%.

Em outubro, conforme apontado, o IPCA apresentou uma variação de 1,10%, sendo que as maiores altas verificadas naquele período foram os preços dos aluguéis residenciais, que ainda pressionaram significativamente a inflação, e dos combustíveis. No mês de novembro o IPCA apresentou uma variação de 1,28% na quarta qadrissemana, sendo que as maiores altas registradas naquele período referiram-se aos produtos de eleboração primária, os "in natura" e os os encargos com habitação e, como já afirmado anteriormente, o mês de novembro já apontava para um encerramento do ano, com os preços em queda em Belo Horizonte.

A título de exercício de memória a cesta básica medida pelo DIEESE para o Município ficou naquele mês em R$ 79,25, ou seja, uma variação em relação à outubro de 4,07%, porém indicando uma taxa negativa acumulada no ano de (-) 2,77%. Comparando-se à outras capitais do país, temos São Paulo que apresentou o maior valor R$ 89,04, 1,76% no mês, 1,175 no ano e o menor em Belém, R$ 71,82, no mês (-) 4,5% no mês e (-) 3,93 no ano. O custo da cesta básica, calculado pelo IPEAD/UFMG, para o mês de dezembro ficou em R$ 66,01, sendo que os produtos que a compõem, segundo o Decreto Lei 399/38, que mais subiram foram o feijão carioquinha (19,38%), o tomate Santa Cruz (13,67%) e a batata inglesa (6,68%). As maiores quedas verificadas na cesta básica foram nos preços das mateigas (-2,24%).

Outro exemplo importante que já foi levantado refere-se aos aluguéis residencias. Estes que contribuiram siginificativamente para a alta da inflação em Belo Horizonte por um longo período, encontram-se neste momento em verdadeira queda, seja em função do aumento do número de unidades ofertadas ou pelo fato de que os encargos com habitação que econtravam-se muito elevados no início do Plano, a partir de maio do corrente ano, começaram a arrefecer-se. Na pesquisa do IPEAD sobre o mercado imobiliário divulgada em dezembro de 1995, confirmou-se esta queda. Em janeiro daquele ano os preços dos imóveis residenciais variaram em 11,13% e em dezembro (-) 0,78%, ou seja, a média calculada de janeiro à dezembro de 1995 para a variação dos preços dos aluguéis foi de 2,56%.

 Houve claramente uma queda dos preços dos aluguéis residencias no Município, principalmente a partir de maio do corrente ano, quando a variação mensal ficou abaixo de 0,5%, sendo que nos meses de julho, setembro, outubro e dezembro a variação verificada foi inclusive negativa. Os aluguéis dos imóveis comerciais recrudescerem também os seus preços, apresentando uma alta no mês de junho, porém tornam a cair em julho, setembro e dezembro.

Dentre os fatores que contribuiram para a queda de dos preços dos aluguéis tanto residenciais, como numa menor propoção os comerciais, pode-se destacar o aumento da oferta. Só no mês de dezembro foram ofertados 2.876 apartamentos no Município, dos quais a maior parte se concentraram nos bairros de renda alta (1260) e média( 661). No caso dos imóveis comerciais foram colocados no mercado 570 salas, sendo 208 lojas e 12 andares corridos, ou seja, muito parecido com o que foi verificado em agosto, quando registrou-se 554 unidades colocadas a venda no mercado, 159 lojas e 12 andares corridos. Dado que principalmente nestes últimos parte sigificativa foi destinados para aluguel, o impacto sobre os preços teve uma grande relevância para a queda dos preços.

Como bem apontaram os estudos do IPEAD/UFMG a queda real dos preços dos apartamentos foram também acompanhadas pela redução da velocidade das vendas que diminui ao longo do ano de 1995, exceto nos período de repique verificados em fevereiro e novembro. O referido desaquecimento das vendas pode ser explicado pela desacelaração do crescimento econômico, bem como pelas dificuldades encontradas com o financiamento e redução do poder de compra da classe média no Município.

É importante também neste momento, resgatar algumas avaliações realizadas nos Boletins anteriores, referentes ao comércio varejista do Município e da Região Metropolitana. Pelo seu comportamento anómalo, uma vez que o desaquecimento do comércio foi um dos mais intensos registrado no último quinquêncio, este destacou-se portanto muito no recrudescimento da inflação durante o corrente ano.

Em outubro já havíamos ressalvado os efeitos da política de arrocho ao crédito e dos salários implementados pelo governo. De um lado, os impactos da nova fase do Plano Real, levaram o consumidor brasileiro a um momento inicial de euforia com a estabilização dos preços, período em que registrou-se um aumento do endividamento da classe média. Porém numa segunda fase do Plano, onde o aperto ao crédito se fez sentir de maneira mais significativa, este consumidor acabou por ficar mais atento com a contração de novas dívidas. Como apontado, o mês de novembro além de registrar esta redução do consumo, registrou também também uma queda no número de inadimplências em Belo Horizonte que já se estavam muito elevadas desde o iníco do ano. Segundo o CDL - Câmara de Diretores Lojistas, a campanha de valorização do crédito, em outubro, resultou na retirada de aproximadamente 8.273 nomes do SPC - Serviço de Proteção ao Crédito. No entanto, no período de janeiro a outubro o registro de novos nomes cresceu em 144%., passando de de 95.928 para 234.313. Os últimos dados divulgados é de que em Belo Horizonte, desde novembro, uma média de 630 consumidores/dia retiram, seus nomes do Cadastro de inadimplentes do SPC, que tem hoje cadastrado aproximadamene 600 mil registros referntes a cheques, problemas com crediário, etc.

Assim, em Belo Horizonte, o comércio varejista constituiu-se como um grande termômetro do processo de estabilização dos preços apontado anteriormente. Confirmou-se como esperado, as previsões de um natal que em quase todo o país, apresentou um cenário bastante diferenciado do de 1994, evidenciou-se que boa parte dos consumidores optou por pagar suas dívidas contraídas em 1995, ou resolveu poupar parcela do décimo terceiro salário para a chegada de 1996 que promete ser um ano de um aperto ainda maior.

 

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