Conjuntura de Belo Horizonte Belo Horizonte: Um Breve Balanço de 1995

Acompanhando a conjuntura nacional, o nível de preços no município de Belo Horizonte durante o ano de 1995, manteve-se em baixa, quando comparado ao mesmo período de 1994, conforme pode ser verificado no Gráfico abaixo. A média mensal do IPCA/IPEAD, que mede os gastos das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, no período em pauta foi de 1,78%, contra 9,15% no ano de 1994. O mês de novembro já havia demonstrado, de maneira bastante nítida, a tendência declinante dos índices de preços no Município.

A inflação em setembro foi basicamente pressionada pelos aluguéis residenciais e pelas tarifas de ônibus urbanos, que segundo o IPEAD, na quarta quadrissemana, responderam por 55% da variação do índice, que foi de 0,88%.

Em outubro, conforme apontado neste Boletim, o IPCA apresentou uma variação de 1,10%, sendo que as maiores altas verificadas naquele período foram os preços dos aluguéis residenciais, que ainda pressionaram significativamente a inflação, e dos combustíveis.

No mês de novembro o IPCA apresentou uma variação de 1,28% na quarta quadrissemana, sendo que as maiores altas registradas naquele período referiram-se aos produtos de eleboração primária, os "in natura" e os os encargos com habitação.

Como já afirmado anteriormente, o mês de novembro já apontava para um encerramento do ano, com os preços em queda em Belo Horizonte. A título de exemplo a cesta básica medida pelo DIEESE para o Município ficou naquele mês em R$ 79,25, ou seja, uma variação em relação à outubro de 4,07%, porém indicando uma taxa negativa acumulada no ano de (-) 2,77%. Comparando-se à outras capitais do país, temos São Paulo que apresentou o maior valor R$ 89,04, 1,76% no mês, 1,85% no ano e o menor em Belém, R$ 71,82, no mês (-) 4,5% e (-) 3,93% no ano.

Outro exemplo importante que já foi levantado refere-se aos aluguéis residenciais. Estes que contribuiram siginificativamente para a alta da inflação em Belo Horizonte por um longo período, encontram-se neste momento em verdadeira queda, seja em função do aumento do número de unidades ofertadas ou pelo fato de que os encargos com habitação que econtravam-se muito elevados no início do Plano, a partir de maio do corrente ano, começaram a arrefecer-se. Na pesquisa do IPEAD sobre o mercado imobiliário divulgada em agosto, já era possível verificar esta queda. Em janeiro os preços dos imóveis residenciais variaram em 11,13% e em agosto 1,58%, sendo que em julho registrou-se inclusive uma variação negativa de (-) 2,15.

Outra evidência da citada estabilização dos preços em Belo Horizonte, pode ser encontrada nas recentes pesquisas para o mês de dezembro que apontam para a segunda quadrissemana, uma inflação de aproximadamente 1,18%. Este dado é interessante especialmente pelo fato de nos econtrarmos em plena fase das festas natalinas, onde sazonalmente o aumento do consumo geralmente influencia não só nos índices de preços ao consumidor das principais capitais, como também de todo país.

É importante também neste momento, resgatar algumas avaliações realizadas nos Boletins anteriores, referentes ao comércio varejista do Município e da Região Metropolitana. Em outubro já havíamos ressalvado os efeitos da política de arrocho ao crédito e dos salários implementados pelo governo. O mês de novembro além de registrar esta redução do consumo, registrou também uma queda no número de inadimplências em Belo Horizonte que já se estavam muito elevadas desde o iníco do ano. Segundo o CDL - Câmara de Diretores Lojistas, a campanha de valorização do crédito, em outubro, resultou na retirada de aproximadamente 8.273 nomes do SPC - Serviço de Proteção ao Crédito. No entanto, no período de janeiro a outubro o registro de novos nomes cresceu em 144%., passando de de 95.928 para 234.313. Os últimos dados divulgados é de que em Belo Horizonte, desde novembro, uma média de 630 consumidores/dia retiram, seus nomes do Cadastro de inadimplentes do SPC, que tem hoje cadastrado aproximadamene 600 mil registros referntes a cheques, problemas com crediário, etc.

Assim, em Belo Horizonte, o comércio varejista constituiu-se como um grande termômetro do processo de estabilização apontado anteriormente. Confirmaram-se as previsões de um natal bastante diferenciado do de 1994, evidenciando que boa parte dos consumidores optou por pagar suas dívidas contraídas em 1995, ou resolveu poupar parcela do décimo terceiro salário para a chegada de 1996 que promete ser um ano de um aperto ainda maior.

Diante deste breve quadro relativo aos preços e do comércio varejista do Município em 1995, setor este de grande relevância para a economia local e, considerando que 1996 promete um outro ano difícil, especialmente para as finanças municipais, fica no ar a seguinte questão: como assegurar à Belo Horizonte, neste contexto de estabilização, o papel de uma metrópole de destaque econômico, cultural e político ?


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