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O Primeiro de Maio: a CUT abandona a bandeira da indepenência de classe

O 1o. de Maio é uma data Histórica, de manifestação pela luta da classe trabalhadora contra o Capitalismo. Numa comemoração desta data não cabem patrões ou seus representantes políticos. É simples assim. A última vez que o movimento sindical se dividiu em torno dessa data foi em 1968. Depois foram os anos de chumbo, mas quando o movimento perário retomou suas lutas, criou a CUT para reeguer a bandeira da independência de classe, contra representantes dos patrões , na época chamados de pelegos.Agora, de uma maneira inusitada a discussão reaparece e a CUT abriu mão dessa bandeira sem nenhuma discussão ou polêmica.Convidou representantes de partidos patronais, golpistas de 2016 para participar da "live" do 1o. de Maio. Sem público por causa da pandemia, foi fácil tomar esta decisão porque evitou a reação inevitável da platéia. Os trabalhadores espontaneamente rejeitariam essa participação, como aconteceu em 1968

Em abril de 1968, durante 10 dias, a partir da paralisação na Belgo-Mineira, operários de Contagem (MG) fizeram greve por aumento salarial, em movimento que se repetiria, com impacto, em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, em julho. Osasco teve participação decisiva no 1º de Maio da Sé. Liderado por um jovem dirigente, José Ibrahim, com apenas 19 anos, o Sindicato dos Metalúrgicos daquela região foi um ponto de partida dos protestos que culminaram com a ocupação do palanque das autoridades. Nesta quarta (2), o sindicato de Osasco lança uma biografia de Ibrahim, no dia em que sua morte completa cinco anos. Havia divisão dentro do MIA: uma posição, majoritária e conciliatória, era pela presença de autoridades, como o governador. Outros defendiam que o ato fosse apenas dos trabalhadores, para não configurar algum tipo de apoio ao governo. Prevaleceu a primeira – mas um grupo, liderado por Osasco, decidiu expulsar as autoridades. Sodré mal pôde falar. “A nossa posição era clara: não pode ser uma festa da ditadura, tem de ser um dia de luta dos trabalhadores”, afirmou Ibrahim, em depoimento de 2007. “O Sodré, sem entrar no mérito se era mais democrático – e eu acho que era, tinha posições diferenciadas em relação ao poder de Brasília –, naquele momento simbolizava a ditadura.” Em seu livro de memórias (No Espelho do Tempo), Sodré conta que sabia dos riscos de sua presença, pois serviços de informação “haviam interceptado o rascunho do roteiro da ação provocadora”. Segundo ele, seu objetivo era “impedir a aliança entre operários não subversivos e estudantes adeptos da subversão”. E disse ter recebido, após o episódio, “apoio de líderes sindicais mais esclarecidos, não contaminados pelo marxismo”.

O discurso do governador foi interrompido por vaias. Paus e pedras começaram a ser arremessados, o policiamento, ostensivo, avançou sobre os manifestantes, e o governo se refugiu na catedral, logo atrás do palanque, e o tumulto tomou conta da praça. O número de pessoas no ato foi estimado entre 10 mil e 15 mil. Um dos que estavam na Praça da Sé era José Campos (Zequinha) Barreto, na época funcionário da Cobrasma, de Osasco – em setembro de 1971, ele seria assassinado no sertão da Bahia, ao lado do capitão Carlos Lamarca, que até 1968 servia no quartel de Quitaúna, também na região de Osasco, e aderiu à luta armada contra a ditadura. Na Sé, pouco depois das 11h, não havia mais nada, nem palanque, que acabou destruído. Parte dos manifestantes decidiu fazer uma passeata pelas ruas do centro.

Houve setores do movimento operário e popular que não concordaram também com esse abandono da independencia de classe pela CUT. A presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), entre outros, afugentou o PSOL e o coordenador do MTST Guilherme Boulos do ato virtual em comemoração ao Dia do Trabalho, nesta sexta-feira (1). Reunida na noite desta quarta-feira (29), a coordenação da Frente Povo Sem Medo decidiu deixar o ato, embora formalmente anunciada como uma de suas organizadoras. Boulos alega que o 1º de Maio celebra a luta pela preservação dos direitos dos trabalhadores —contra os quais, afirma ele, PSDB e DEM atuaram. “Maia comandou a reforma da Previdência, esteve na linha de frente da reforma trabalhista e acaba de aprovar a carteira verde e amarela”, afirma Boulos.

Outro setor do movimento operário que rompeu com o "ato unificado" foi o Partido da Causa Operária, PCO. Para o PCO , "enquanto a esquerda dava a mão ao Fernando Henrique Cardoso no “1o. de maio unificado” , Bolsonaro convoca mais um ato da extrema-direita contra o STF e o #golpedeestado se tornou trending topics do twitter em resposta ao chamado de Carlos Bolsonaro para o ataque ao stf, Congresso e governadores. O julgamento do processo contra o Lula está marcado para a próxima terça-feira (5), e o processo de cancelamento da inscrição partidária do PT foi arrolado pela procuradoria geral eleitoral. Mesmo assim, a esquerda chama de “histórico” a união de políticos de polos opostos num mesmo palanque (mesmo que virtual), na luta por uma suposta “democracia”. O PCO realizou um ato público, mas com observância das regras de distanciamento social, para celebrar o 1o. de Maio. No ato do PCO, pronunciaram-se representantes dos comitês de luta contra o golpe, dos conselhos populares, da juventude, dos negros, das mulheres e do movimento operário. Em todas as falas, a concordância fundamental se figurava na seguinte frase: é preciso mobilizar, é preciso lutar, é preciso combater a classe capitalista. A fala final, do presidente nacional do partido, Rui Costa Pimenta, deixou patente que o 1o. de maio dve afirmar a independencia de classe dos trabalhadores: “nós lutamos pelo socialismo”.

Já o Movimento Revolucionário dos Trabahadores participou também de uma "live" mas bem diferente da da CUT: ela foi internacional reunindo organizações e partidos revolucionários na Europa , Estados Unidos e América Latina, com especial destaque para os partidos reunidos na Esquerda Unida da Argentina. Uma integrante do Movimento, Maíra Machado que participou deste ato classista e independente, apela para uma unidade diferente: "chamamos o bloco de esquerda do PSOL, PSTU e as organizações revolucionárias para colocar de pé nossa luta sem nenhuma confiança no Maia, Toffoli e nos governadores. Basta de paralisa das centrais sindicais que estão junto com os governadores e os golpistas. O povo deve decidir os rumos do país através de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Fora Bolsonaro, Mourão e militares! No ato virtual nacional, que alcançou vários milhares de pessoas, esteve dividido em 3 blocos, intercalado por apresentações culturais. Em um bloco fizeram uso da palavra entidades sindicais ligadas a CSP-Conlutas, houve um bloco com entidades ligadas a Intersindical, e em meio a ambas houveram falas da Pastoral Operária, da Pastoral do Povo de Rua, da Auditoria Cidadã, entre outras. Por fim houve um bloco da intervenção dos partidos políticos quando fizeram uso da palavra Israel Dutra e Sara Azevedo pelo PSOL, Maíra Machado pelo MRT e Vera Lúcia pelo PSTU.


Video 1 : 1o. de Maio- Assista à Live Internacionalista global. Video 2 : o MRT que impulsiona o jornal Esquerda Diário organizou uma "live" independente.

Video 3 : Intervenção do Presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, no O Ato de 1o. de Maio do Partido da Causa Operária

 

Video 4: O 1o. de maio "live" da CUT