Defender
a Petrobrás dos ataques do Governo Bolsonaro é defender o Brasil !
A greve
dos Petroleiros colocou uma
questão fundamental, denunciando concretamente os planos maquiavélicos
do
governo para destruir a Petrobrás. Os pontos de ataque seriam
múltiplos, mas
começou na fábrica de nitrogenados Ansa, uma empresa estatal que fabrica
matérias primas essenciais à produção no Brail de fertilizantes. Ao
desativar a Ansa ficaria fácil estender
esta política às outras duas empresas
produtoras. A partir daí, o próximo passo seria a venda a preços
irrisórios das
Refinarias da Petrobrás, o que significa o desmonte do projeto básico
que levou
a criação da Petrobrás. Atualmente o Governo Bolsonaro já mantém um
plano de
redução da produção de derivados de petróleo pelas refinarias
brasileiras,
obrigando o país a pagar em dólar a importação destes derivados.
Porque
é importante defender a Petrobrás como empresa de petróleo do “poço ao
posto” ?
Para
entender isso vamos relembrar todo o
processo de conscientização do Brasil sobre a idéia de que “o Petróleo
é
nosso”.
Pontos
importantes:
1)
o Brasil da década de 1930, sob a Presidência de Getúlio Vargas, cria série de novos
órgãos visando:
a)
o aprofundamento da industrialização de
base,
b)
o redirecionamento do centro dinâmico da economia para o mercado
interno
c)
a redução da dependência do país em relação aos mercados internacionais
de
produtos primários.
Porque se busca a
exploração e
produção do petróleo em bases nacionais a partir desse
período ?
a)
Fatores econômicos -peso do petróleo e derivados sobre a pauta de
importações
brasileira, em tempos tumultuados que antecediam a eclosão de mais uma
guerra
mundial, adquire grande importância.
b) Questão da soberania nacional -tratar de
petróleo
não dizia respeito apenas ao equilíbrio da balança comercial, mas
também à
dependência nacional em relação ao suprimento de produtos básicos para
o
processo de industrialização, para o sistema de transportes e
comunicações e
para a própria defesa do país.
c)
Papel dos militares nacionalistas - É neste contexto que os militares
passam,
também, a se preocupar com a questão petrolífera. No campo militar, o
nome que
se destacaria na proposição e implementação de uma política petrolífera
foi o
do General Júlio Caetano Horta Barbosa, primeiro presidente do Conselho
Nacional do Petróleo, órgão criado por meio do Decreto-Lei nº 395, de
29 de
abril de 1938. Foi sob a direção do General Horta Barbosa que o
Conselho
Nacional do Petróleo descobriu as primeiras jazidas de petróleo do
Brasil, na
região do Município de Lobato, na Bahia, em 1939.
Porque
a luta pelo petróleo é nosso foi abandonada pelo Governo Dutra?
a)
Pressão vigorosa do Governo dos Estados Unidos
No
entanto, a partir de 1943, as iniciativas nacionalistas são cada vez de
menor
intensidade, com o governo Dutra patrocinando as tentativas de
alteração da
legislação no sentido de permitir a participação do capital estrangeiro
e
diminuir a atuação direta do Estado na indústria petrolífera.
b) A
equipe do Presidente Dutra, em 1947,
elaborou um anteprojeto de lei sobre o petróleo em que buscava revogar
a
orientação nacionalista seguida desde 1938. A proposta do Governo
Dutra,
denominada de "Estatuto do Petróleo", tinha como ideia-chave a defesa da participação do capital
estrangeiro como a única forma de
assegurar a exploração de petróleo no país, pois o Estado não teria
recursos
para investir no setor, o que poderia comprometer as futuras gerações.
Clube
Militar.
O Clube Militar foi um órgão de aglutinação dos setores nacionalistas
nas FFAA.
O
debate sobre o controle do Estado sobre os
recursos estratégicos, especialmente o petróleo, começou a ganhar
espaço em
alguns órgãos de imprensa e vários setores da sociedade,
Duas
posições em conflito:
1)
General Juarez Távora, embora ainda se afirmasse defensor da soberania
nacional
sobre os recursos minerais, advogava a colaboração do capital
estrangeiro para
a exploração das reservas petrolíferas brasileiras., para suprir a
deficiência de
recursos técnicos, humanos e econômicos suficientes para explorá-las O
monopólio do Estado, para Juarez Távora, seria a solução ideal, mas as
condições objetivas brasileiras impediriam sua adoção naquele momento.
2) General
Horta Barbosa, ex-Presidente do
Conselho Nacional do Petróleo,. Para ele, seria impossível conciliar os
interesses nacionais da política do petróleo com os interesses privados
das
grandes empresas internacionais. A única alternativa viável para a
preservação
da soberania nacional sobre os recursos minerais seria a exploração do
petróleo
em regime de monopólio estatal. Para Horta Barbosa, se o petróleo não
fosse
monopólio estatal, se tornaria um monopólio internacional.
A
Campanha “ O
Petróleo é nosso”
Estudantes,
sindicalistas, intelectuais, militares, técnicos e integrantes de
praticamente
todas as camadas sociais vão conseguir, em um momento raro da história
política
brasileira, mobilizar a opinião pública a favor da tese do monopólio
estatal do
petróleo.
A
Campanha "O Petróleo é Nosso",
ganhou as ruas de todo o país, foi articulada, a partir de abril de
1948, em
torno do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional
(CEDPEN), que tinha entre seus presidentes de honra o General Horta
Barbosa e o
ex-Presidente Arthur Bernardes.
A
campanha enfrentou uma série de
obstáculos,
a)
Boicote da grande imprensa,
b)
a repressão policial (justificada pela sua suposta vinculação ao
Partido
Comunista, colocado na ilegalidade pelo Governo Dutra desde 1947),
c)
hostilidade do empresariado, entre
outros.
d)
Oposição ferrenha do Governo dos EUA
Foi
feita uma campanha de massa , com realização de centenas de palestras e conferências sobre o tema do
petróleo é nosso por todo o país, com a
publicação de milhares de textos e
panfletos, visando esclarecer a população. Ao conseguir mobilizar a
opinião
pública nacional, a "Campanha do Petróleo" tornou o tema uma questão
obrigatória nos debates das eleições gerais de 1950, ampliando ainda
mais o seu
impacto.
O
segundo Governo Getúlio Vargas
O novo governo manteve sua opção pela alternativa
nacionalista para a questão do
petróleo. O ponto de partida da . política nacional do petróleo seria a
criação
de uma sociedade de economia mista, a Petróleo Brasileiro S.A., com
participação acionária da União, Estados e Municípios, para executar
essa
política (Projeto de Lei nº 1.516, de 1951). A proposta já anunciava
que a
União deteria, no mínimo, 51% das ações com direito a voto na sociedade
a ser
constituída e de suas subsidiárias, enfatizando a imprescindibilidade
do
controle nacional do setor de petróleo.
As Críticas dos
nacionalistas
a)
A solução proposta de criação de uma sociedade de economia mista, em
que há
participação do capital privado acabaria por permitir
que o capital estrangeiro pudesse ser
incorporado no setor de petróleo,
b)
Ausência de qualquer menção ao monopólio estatal.
A proposta da
Oposição
O maior partido da oposição ao Governo Vargas,
a União Democrática Nacional(UDN), era favorável ao capital
estrangeiro. Mas,
em 6 de junho de 1952, uma proposta mais nacionalista do que a que
estava em
discussão. A proposta da UDN defendia a instituição do monopólio
estatal para a
pesquisa, lavra, refinação e o transporte de petróleo e, ao invés de
uma
sociedade de economia mista, a constituição de uma empresa pública,
denominada
Empresa Nacional de Petróleo (ENAPE), com capital integralmente
público. A
ENAPE, ainda, atuaria em todos os setores diretamente, sem constituir
subsidiárias.
A
"Campanha do Petróleo é nosso"
continuou ativa durante todo o período de tramitação do Projeto nº
1.516/1951,
defendendo a tese do monopólio estatal do petróleo e combatendo os
pontos que
julgava contrários ao interesse nacional no projeto do governo.
Criação
da
Petrobrás
.
Após um acordo com as principais lideranças partidárias, em que o
Governo
aceitava expressamente a inclusão do monopólio estatal na pesquisa,
lavra,
transporte e refinação do petróleo, mas exigia a manutenção da
estrutura
jurídica de sociedade de economia mista, o Projeto nº 1.516/1951
conseguiu ter
sua votação acelerada na Câmara dos Deputados. Após vários tramites ,
foi finalmente,
aprovada em 3 de outubro de 1953. Getúlio Vargas sancionou, sem nenhum
veto, a
Lei nº 2.004, que instituiu a política nacional do petróleo, explicitou
o
monopólio estatal do petróleo no Brasil e autorizou a criação da
Petrobrás.
Porque é importante
o monopólio
estatal do Petróleo?
1)
Nas principais regiões produtoras de petróleo, a indústria petrolífera
é
estatal ou foi nacionalizada. Cerca de 90% das reservas petrolíferas do
mundo
pertencem ao Estado, sendo exploradas por empresas estatais, que
controlam
aproximadamente 73% da produção, atuando em regime de monopólio ou
quase-monopólio sobre os recursos de seus países.
20
O papel do Estado é central para a política energética em geral e, em
particular, no setor de petróleo, servindo para coibir o poder
econômico dos
grandes oligopólios, garantir a exploração não-predatória das jazidas e
defender o interesse da coletividade, além de atuar de forma
estratégica, militar
e economicamente, controlando o suprimento de petróleo e derivados.
3) O
contexto histórico da luta dos países em
desenvolvimento por independência política e emancipação econômica
tornou as
empresas petrolíferas estatais entidades que personificam o controle
soberano
sobre os recursos naturais. As empresas estatais são instrumentos da
política
econômica nacional dos seus Estados, atuando de acordo com os objetivos
estratégicos e de bem-estar social do Estado, indo muito além da mera
busca de
rentabilidade.
A
Importância da campanha o
Petróleo é nosso
1)A
"Campanha do Petróleo" foi, nas palavras de Carlos Lessa, a
"maior mobilização popular e social da história do Brasil em defesa de
algum projeto de desenvolvimento". Não haveria nada similar antes, nem
depois. A campanha abriu espaço para a manifestação política popular,
cuja
mobilização era uma novidade na história do país.
2)
Um projeto nacional de desenvolvimento precisa estar presente no
imaginário
coletivo da sociedade, sob pena de não sair do papel. Afinal, não é um
simples
plano de governo, mas uma construção coletiva que busca essencialmente
os
objetivos de uma sociedade melhor, mais igualitária e mais democrática
no
futuro. A "Campanha do Petróleo" conseguiu realizar isto, ao defender
a soberania nacional.
3)
A Petrobrás, como bem afirmou Barbosa Lima Sobrinho, é uma conquista do
povo
brasileiro, cujo irresistível movimento de opinião superou todos os
obstáculos
para fazer prevalecer a vontade nacional. O que a "Campanha do
Petróleo" revelou foi uma dimensão política não esperada para um
projeto
nacional de desenvolvimento. Afinal, o que se estava decidindo não era
apenas a
forma de exploração de um recurso mineral estratégico, mas a própria
soberania
econômica nacional. A causa do petróleo foi identificada à afirmação da
soberania nacional. Há a tentativa deliberada de criar em torno do tema
do
petróleo a identidade com a soberania nacional e a perspectiva de
fundação de
um novo país, um país soberano e industrializado.
4) A "Campanha do Petróleo", ao defender a soberania econômica do Brasil, propunha que se completasse a superação da economia colonial e se fizesse efetiva a Nação. Neste sentido, da Petrobrás como símbolo de afirmação nacional, são significativas as palavras de Barbosa Lima Sobrinho: "A Petrobrás, desde a sua criação, foi mais que uma empresa pública. Surgiu como emblema da nacionalidade, a sigla mística que podia abranger e reunir o maior número possível de brasileiros fiéis à sua pátria. Petrobrás era um símbolo que, por si só, despertava emoções, como se a sua missão fosse a de acender estrelas, para iluminar o céu do futuro do Brasil".